A Ria – Pólo de desenvolvimento (I)
O abraço que a Murtosa dá à Ria é, indiscutivelmente, a sua maior vantagem na região de Aveiro. Logo, tudo o que se fizer a favor dela trará mais valia para os que cá vivem.
O contrário também é verdade.
A sua preservação será proporcional ao número crescente de pessoas que viverem dela, com ela, com os olhos nela, à volta dela ou para ela. Ainda que muitos considerem que preservar é colocar algo dentro de uma redoma.
Encher de novo a Ria de barcos moliceiros é utopia. Incentivar a prática da vela, do remo e de todos os novos desportos aquáticos é uma necessidade. Nos programas das escolas deviam de passar a estar incluídas actividades na Ria; do primeiro ao último ano.
As primeiras visitas de estudo das crianças da Murtosa têm de ser àquilo que é seu e que amanhã lhes pode dar orgulho de dizer de onde são naturais. Para isso os professores têm de aprender e saber mais da Ria, que ninguém nasce ensinado.
Os clubes náuticos, existentes e a criar, deviam de ter prioridade nos apoios concedidos. Como contrapartida passariam a ensinar as suas especialidades às crianças e aos jovens. Mesmo que fosse nas férias, aos sábados, domingos ou feriados.
Prestar um serviço social deve dar direito a uma contrapartida da comunidade.
A Universidade tem de ser trazida à Murtosa continuamente. Não chega de vez em quando como quem vai às compras e paga com cartão de crédito sem conhecer o dono da loja.
Os hábitos criam-se pela insistência, pela repetição, pela dedicação, pela presença assídua, pela participação.
Se não criarmos muita vida à volta da Ria, perderemos a única vantagem que temos.
E ficaremos perdidos no mapa.
5 comentários:
Apoiado!
Proponho desde já que todas as escolas da Murtosa e arredores efectuem visitas de estudo à Ria!
Mas... teremos que ficar pelas margens, ou então ir a nado. De outra forma, dificilmente se conseguirá.
Da parte da Murtosa, não tens qualquer sistema de apoio para essa ideia, a menos que tenhas muito dinheiro e contrates o serviço aos "Jardins da Ria".
Em Aveiro tens o serviço de lanchas de turismo que também são exageradamente caras e estão quase sempre avariadas.
Claro que temos sempre Estarreja e as suas "bateiras" concelhias que, quais "bugas", nos levarão pelo esteiro de Canelas, por entre lamas e charcos, até à Ria...
Assim, será complicado "amar a Ria".
Mas tenho assistido a várias intervenções orais no sentido de haver uma gestão da ria: todos querem que ela seja gerida. Será que não passa apenas do desejo de criação de mais um gabinete, longe da ria, cheio de papéis e burocracia e criador de proibições em cascata?
Temo bem que sim.
Embora não o queiras, subscrevo a tua ideia de ser necessário criar vida em torno da laguna. Não serão necessárias ofertas arábicas para atrair as pessoas à Ria. Bastará oferecer o que lhe é natural: um barco moliceiro no Bico, com um motor, a fazer a viagem até ao Guedes na Torreira e o regresso.
Bastaria permitir alguns equipamentos turísticos na frente dos Ameirinhos, controlando-os ferozmente. Porquê só a Torreira... e sempre a Torreira?
Ideias há... mas eles é que ganham balúrdios para nada.
Se fosse fácil...eu e tu tratávamos do assunto.
Se os clubes, movimentos associativos que são os verdadeiros motores para iniciativas deste tipo, sentirem contrapartidas, poderão dar um grande impulso.
Se estivermos à espera do Estado para se preocupar com a Ria, o melhor é "cimentá-la", e que venha o tal "Gabinete da Gestão da Ria" tomar conta do betão.
Mas, a Autarquia tem um moliceiro...e as escolas têm de o pedir para mostar a Ria aos seus alunos.
Quanto aos investimentos privados estamos de acordo : Com pés e cabeça, a presença deles vai levar as pessoas à borda d'água. E nem tudo tem de ser na Torreira! A Ria tem duas margens. Uma parece que foi esquecida.
Moliceiro...? O tal que foi "inaugurado" duas vezes...?
Esse está parado, ou rachado, ou em vias de ser amanhado, ou está para entrar no estaleiro, ou não tem quem o manobre, ou... ou... ou... e mesmo que estivesse operacional não conseguiria servir nem uma turma, quanto mais um ano de escolaridade...
E em relação aos clubes e movimentos associativos, bastará olhar para Aveiro: mandou construir uma série de moliceiros adaptados e entregou-os às associações. Que fizeram elas? deixaram-nos amarrados ao cais... dizem que por falta de subsídio para a exploração.
Hoje estou mesmo negativo... bolas.
O ti Alberto, na Torreira, tem esse problema resolvido: arranjamos um naipe de camaradas com vontade de ver a ria, e ele arranja os barcos, manda um assador com um reco para uma ilha à escolha, assa o dito, serve-o bem temperado, passeia o povo todo e no fim apresenta a conta. Para pessoas "normais" é uma boa ideia... para escolas é pouco viável. Mas não deixa de ser uma prova das possibilidades que o mundo empresarial consegue apresentar sem grande sofrimento.
É pá: arranja outro tema para o verão... este deixa-me deprimido...
A força não provém da capacidade física mas sim de uma vontade indomável.
Mahatma Gandhi
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