terça-feira, setembro 21, 2004

Incompetente

Continua a saga da elaboração da lista de colocação de professores, permanecendo mais de cinquenta mil almas (segundo os sindicatos) sem saber onde e quando se deverão apresentar para começar o ano lectivo. Do outro lado, estão os alunos e os pais.
A última lista foi "fixada" fugazmente durante menos de uma hora no respectivo site na internet, por volta das três da manhã. Mais uma vez com erros, foi retirada.
Uma elevada percentagem das pessoas que têm por principal ambição na vida ocupar um lugar político, não tem qualquer preparação/capacidade/competência para o fazer com rigor/organização/visão/inovação.
São estrelas cadentes, que temos de aturar/suportar/ver e às vezes ouvir. O maior problema é que as decisões que erradamente tomam num minuto, às vezes levam uma década para corrigir. A ministra da educação Prof. Doutora Maria do Carmo Félix da Costa Seabra foi totalmente imcompetente para coordenar este processo e encheu-se de ridículo.
É a responsável política pelo que aconteceu e pelos prejuízos de todos os tipos que está a causar a professores, pais e alunos.
Depois de resolver o problema resta-lhe um caminho ... a porta da rua, pela qual nunca devia ter entrado.


5 comentários:

João Cruz disse...

A questão é pertinente. Sair ou não sair eis a questão. Numa empresa de grande dimensão, com dezenas de milhares de trabalhadores e centenas de milhares de clientes, quando os accionistas dessem conta duma incompetência desta dimensão imediatamente proporiam a demissão do Conselho de Administração porque não tinha sido capaz de executar a missão para a qual estava a ser pago. Isto independentemente se o problema tinha a sua origem no chefe da informática, na empresa que produziu o software, etc, etc, os quais naturalmente deveriam ir para a rua a seguir.
Compete o ministro coordenar a acção dos seus Secretários de Estado, das Direcções-Gerais, e estas por sua vez, dos respectivos serviços. Se não é capaz tem de dar o lugar a outro porque o país não pode esperar pela inércia a que alguns estão habituados e até lhes convém. Agora no Estado, fruto da cultura de muitos anos, as pessoas habituaram-se a não ter de mostrar resultados. Não há o hábito de aferir a eficácia do Estado. Quando há um caso tão visível como este a situação muda de figura. Se o/a Ministro não pede a demissão num caso destes fica fragilizado perante os outros e perante a sociedade. Na Educação não pode ser assim. E não devia ser assim em nenhuma pasta. Se as pessoas tivessem vergonha. Senão...

João Cruz disse...

Numa acção de formação para consultores de PME onde participei, dizia o formador a certa altura :"Quando estou a coordenar uma equipa que tem de apresentar um relatório ao cliente num determinado dia, com um prazo muito curto, e ele me responde : "Vou tentar!" a primeira coisa que faço é dar o processo a outro colaborador. Na altura, achei aquela afirmação excessivamente rigorosa e intempestiva. Nem quero dizer que concorde com ela incondicionalmente.
Mas quando do rigor do cumprimento dos prazos dependem milhares de pessoas não se pode ter outra atitude.
Antes de fixar a data para a abertura do ano escolar, e sobretudo devido às razões que refere de mau relacionamento da anterior equipa, a ministra, a coordenadora política do processo, teve a obrigação de perguntar aos responsáveis técnicos pela execução da lista, qual era a data que eles consideravam possível ter o trabalho concluído. A partir dessa altura a ministra tem duas opções : a) se tem confiança absoluta nos colaboradores deixa-os com "rédea solta" e corre todos os riscos inerentes ao não cumprimento do prazo, apanhando com as consequência do seu erro de avaliação; b)se quer ter o controlo on-line do desenvolvimento do processo "não larga as canelas dos responsáveis".
Parece-me que ela confiou.
É claro que a demissão dela que se avizinha não resolve problema nenhum. Mas será sem dúvida um sinal para os que se lhe seguirem.
E continuo a achar que se as aulas só começarem a 1 de Outubro ningum morre (aliás o encurtamento do período das chamadas férias grandes não tem muitos anos),mas não se devia ter afirmado, e reafirmado, que era antes.

Anónimo disse...

Bom, passem o recrutamento de docentes para as escolas e para as autarquias, que é preferível.

João Cruz disse...

Parece-me que essa solução pode vir a ter algum sucesso, sobretudo para as escolas. Os professores é que terão mais dificuldades porque teriam de concorrer a milhentas autarquias.
No entanto parece que se começa a generalizar a ideia de que quando há algum problema difícil para resolver, a solução é sempre a autarquia. E eu não vejo passar para as autarquias competências técnicas e meios financeiros para resolver os problemas. Paraece um balão a inchar todos os dias, até que rebente.

João Cruz disse...

Admito que a solução preconizada teria variadíssimas vantagens. Um professor passaria a concorrer às escolas com o seu curriculum, como se se candidatasse a um lugar numa empresa. Nas Universidades de muitos países desenvolvidos sei que é assim. Os resultados que apresentasse ao longo do ano como profissional seriam o seu passaporte para o futuro. Mas não nos podemos esquecer que a legislação do trabalho portuguesa não é liberal, e o vínculo a um quadro impõe agum imobilismo passados poucos anos. A admissão teria de ter critérios especificamente estabelecidos para evitar aquelas situações que todos conhecemos quando é o "homem a decidir". Os sindicatos iriam berrar aos quatro ventos mas acabavam por se calar. Acho que é uma solução a estudar que pode trazer largas vantagens para os alunos.
Há outro aspecto que me parece que não pode se descurado no futuro. As saídas das Universidades para a vertente ensino estão, já há alguns anos, a deitar cá para fora candidatos a professores a mais. Há um excesso de oferta em relação à procura. É preciso que o estado exerça aqui a sua função reguladora e estabeleça uma previsão anual de mercado para as Universidades prepararem futuros professores que venham a ter emprego.