Para quando a inauguração?

Aproxima-se a passos largos a data da possível abertura da Extensão de Saúde do Bunheiro.
Faltam, por enquanto, os clientes (também há quem lhes chame utentes) a avaliar pelo aviso publicado pelo Centro de Saúde da Murtosa informando os bunheirenses que ali se devem inscrever, pois só haverá inauguração quando se atingirem 1500 almas.
Criou-me uma certa confusão ser necessário um processo tão burocratizado dado que parecia mais fácil, através do sistema informático, passar para a nova unidade de saúde todas as pessoas com cartão de utente que residem no Bunheiro.
Num instante ficava tudo prontinho. Os políticos e as autoridades militares, civis e religiosas vestiam os fatos cinzento escuro, os mais importantes botavam faladura enquanto os outros batiam calorosas palmas, lançava-se o foguetório, e no dia seguinte os senhores doutores já davam as primeiras consultas.
Mas não pode ser assim. E há razões válidas para isso.
A ESBunheiro irá ter, em princípio, apenas um médico. Ora, esse clínico não é de certeza o médico de família de todos quantos residem na freguesia. E o mais natural que pode acontecer é que uma pessoa que há longos anos deposita total confiança no seu médico de família não queira agora mudar para outro médico que não o conhece. E nada nem ninguém o pode obrigar a mudar.
Perguntar-se-á então : Mas só se pensa nisto depois da obra feita? Responderão os responsáveis : é um novo e inteligente critério! E se não se inscreverem os 1500 clientes? Arranjam-se 1500 utentes. Então, e se há só um médico como é que vai ser quando ele estiver doente? Os médicos não adoecem, e se adoecerem ou tiverem que faltar vai ao Centro de Saúde! O quê, a outro médico, que já não é o primeiro, e agora também não é o segundo? Desculpem, mas o melhor é mudarem as placas e abrirem isto para outro ramo menos nocivo.
Que me desculpem os que pensam de forma contrária, certamente acreditando que estão a criar melhores condições para os residentes do Bunheiro, mas sou frontalmente contra a abertura das chamadas Extensões de Saúde.
Dispersar recursos já de si tão escassos só poderá representar pior serviço. Multiplicam-se os custos administrativos e de funcionamento. Não resolvem problemas de urgência à noite e fins de semana. Não diminuem a distância, a não ser para quem mora num pequeno raio à volta da Unidade. Os médicos e os enfermeiros não se podem entreajudar nos casos mais difíceis.
Estas más decisões vão demorar décadas a corrigir.
Falta saber se e quando vão começar a ser construídas as outras duas Extensões de Saúde.