terça-feira, maio 24, 2005

O Monstro aí está!

Com base no rendimento mensal, uma família toma decisões diárias quanto à aplicação dos seus proveitos.
Inevitavelmente, tendo em conta que não pode controlar uma repentina e inesperada perda de vencimento, fará as suas contas com base em previsões.
Todos sabemos que há pessoas mais optimistas e outras mais previdentes quanto à antecipação dessas receitas futuras.
Nas despesas do dia-a-dia, a que chamamos correntes, a família tem gastos fixos (água, luz, telefone, transportes, alimentação, etc) a que não pode fugir.
Se o rendimento baixar, poderá evitar alguns consumos, mas outros serão inevitáveis para a manutenção das condições essenciais.
Como para fazer face às aquisições mais avultadas (casa, carro, etc), a que poderemos chamar despesas de capital ou investimentos, a família não dispõe de recursos imediatos, irá recorrer ao crédito, antecipando receitas e adquirindo um compromisso futuro de, no longo prazo, pagar as prestações.
Não é difícil para qualquer um gerar novas despesas de capital. O problema será pagá-las se as receitas se revelarem mais baixas do que o previsto.
Na economia do País, ou da Autarquia, salvo as devidas proporções, o processo não é muito diferente.
Quando os políticos elaboram o orçamento fazem aquilo que a família faz, só que em ponto grande.
Por cada promessa que fazem, se não conseguirem economizar noutro lado, estão a afirmar a sua convicção de que as receitas irão aumentar ou, pior de tudo, estão a empurrar os compromissos que vão assumir para as costas dos que os sucederem, numa atitude de desmedida inconsciência.
Quando a economia abranda tudo se torna mais difícil, porque as receitas caem mais do que o normal em relação ao previsto.
Não se tomando medidas para suster as despesas, a começar pelas correntes, e não se parando os novos projectos de investimento com elevados encargos futuros, é inevitável o agravamento do défice.
Haverá sempre políticos que dirão, neste casos, que é altura de pedir alguns sacrifícios aos contribuintes, ou seja, que é necessário aumentar os impostos, atirando para trás das costas o problema da redução das despesas porque, como todos sabemos, é incómodo.
As famílias saberão o que representam estes sacrifícios através daquilo que fazem na gestão das suas próprias casas.
A ver vamos as medidas que o governo nos irá impor, amanhã, depois de alguma distracção ou benevolência na apreciação do défice orçamental para 2005 estabelecido, para, já em 6,8 %.

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