quinta-feira, julho 21, 2005

120 dias

Luís Campos e Cunha, formado pela Universidade Católica e doutorado pela Columbia University de New York, é um técnico de reputado na área da economia.
O seu desempenho no Banco Portugal levou-o a tomar parte em várias comissões no Banco Central Europeu. Como professor universitário na Universidade Nova e consultor de diversas organizações públicas e privadas no país e no estrangeiro, Campos e Cunha não tem, nem nunca teve, um perfil de político na verdadeira acepção da palavra.
Ao fazer parte do governo de José Sócrates conferiu-lhe credibilidade junto da União Europeia. Talvez por isso, o Programa de Estabilidade e Crescimento que Portugal apresentou em Bruxelas tenha merecido uma aprovação com um prazo anormalmente dilatado de três anos para ser cumprido.
Mas Campos e Cunha demonstrou, desde o início, estar desafinado no coro governativo.
Para um técnico que domina os assuntos da economia não se podem aprovar projectos como o novo aeroporto da Ota e o TGV com a leviandade com que os políticos o fazem, depois de terem exigido aos portugueses mais um grande esforço pela via do aumento dos impostos.
A saída do ministro é mais um mau sinal para a nossa imagem externa. Os nossos credores internacionais podem agravar os custos dos empréstimos concedidos, receando a nossa falta de capacidade para solver os compromissos.
Parece que cada vez que damos um passo em frente se seguem imediatamente dois passos à retaguarda.
Na ânsia de apresentar um elenco governativo com alguns técnicos credíveis vindos de áreas não políticas, os partidos fazem por esquecer que, mais tarde ou mais cedo, os que não mudarem de mentalidade acabarão por sucumbir perante a necessidade de mentir ou omitir certas verdades ao povo.
Aos técnicos, também não fazia nada mal pensarem um bocadinho mais maduramente antes de assumirem estas responsabilidades prevendo se conseguirão ou não adaptar-se à nova realidade. Até porque assim, não tinham necessidade de expressar um sorriso…tão amarelo.

Sem comentários: