segunda-feira, novembro 21, 2005

Aulas de substituição

Lembro-me de, quando era rapaz, uma das melhores coisas que podia acontecer num dia de aulas era …faltar um professor.
O Liceu Nacional Gil Vicente que eu frequentei em Lisboa do 3.º ao 7.º ano era, naquele tempo, exclusivamente masculino e o chamado “furo” era imediatamente aproveitado em correria para uma jogatina de futebol daquelas de rebentar as sapatilhas.
Noutras alturas, se a rara ocorrência coincidia com o tempo antes de um teste, aquela hora era aproveitada ao segundo para rever a matéria e tirar as últimas dúvidas com os colegas.
Mesmo com a mudança dos interesses dos jovens e adolescentes de hoje, acho que o “furo” esporádico sempre soube bem a qualquer aluno.
A ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues veio introduzir este ano uma novidade que muito tem dado que falar aos professores, aos alunos e aos pais : as aulas de substituição.
Não estando profundamente ligado ao meio escolar, vou ouvindo aqui e ali, por parte dos docentes e dos alunos, algum desagrado com a medida tomada.
Julgo que os lamentos vindos dos professores não são essencialmente devidos à exigência de mais uma ou duas horas de trabalho que acabam por lhes ser pedidas. Terão mais a ver com a falta de condições da própria escola para que as horas de substituição tenham efectivamente resultados proveitosos e não se transformem em trabalho de “ama seca”.
Quanto aos alunos, havendo hoje tantos interesses relacionados com as novas tecnologias, julgo que seria do agrado de todos se cada escola tivesse à sua disposição uma sala bem dotada de computadores com Internet e um monitor/professor disponível durante todo o período de aulas para os apoiar e ensinar no uso das ferramentas que serão indispensáveis no futuro dia a dia.
Ouvir a opinião de professores e alunos sobre a forma como estão e podem ser encaradas as “aulas de substituição” seria um bom começo de semana para troca de opiniões. É o convite que faço aos leitores.

2 comentários:

Celine Godinho disse...

Sinceramente, ainda não entendi porquê que as pessoas estão a fazer um bicho de sete cabeças.
Eu, que estudei até aos 16 anos em França, nunca tive um "furo". Se um professor faltasse, éramos logo reencaminhados para uma sala de estudo onde se juntavam todos os alunos de todos os anos. Aí, fazíamos os TPC's, estudávamos, tínhamos o apoio de professores.
Há algum mal nisso? Não entendo tanto alarido.
Assim, com essas aulas de substituição, os alunso até têm mais tempo para actividades extra-curriculares porque já não têm que se preocupar tanto com os estudos depois das aulas.
Para os pais, também é bom saber que os filhos estão a ser acompanhados em vez de terem um "furo" e andarem por aí...
É claro que para os professores, são mais umas horas extras mas penso também que cabe à escola organizar essas aulas para que nenhum professor saia tão prejudicado. Com tanto professor no desemprego e ainda há quem se queixe de trabalhar mais umas horitas...
Se queremos mais qualidade no ensino, acho que está na hora de apostar nessas aulas porque não são os "furos" que vão melhorar o ensino em Portugal.

João Cruz disse...

Julgo que o princípio que está subjacente a esta ideia da ministra da educação é bem aceite pela generalidade dos intervenientes sejam eles professores, alunos ou os pais. Mas como em tudo o que é novidade, dependerá sobretudo dos professores e os conselhos executivos obter bons ou maus resultados. Arranjar boas salas de estudo, equipadas convenientemente, depende de opções políticas do governo que custam dinheiro e que, para serem feitas, têm de haver outras que ficam para trás. Talvez o que esteja menos bem é o facto de primeiro sairem as ideias e depois deixar-se um bocado ao critério de cada um e à boa sorte arranjar opções e soluções para pôr essas ideias em prática. talvez também falte um pouco na Murtosa, como no País em geral, quem se interesse pelo menos por discutir as coisas.