
Muito seguro de si, fazendo alarido do seu passado anti-fascista que é uma imagem de marca, com um timbre de voz forte e sem hesitações, impecavelmente vestido, Alegre transmite dia após dia ao eleitorado que não está nesta luta para fazer o frete a nada nem a ninguém e que não quer ser um presidente passivo, recostado em Belém rodeado de camareiros que apenas procuram que o presidente não saiba nada do que se passa na sua Pátria.
Manuel Alegre pouco perceberá de economia. Eanes, Soares e Sampaio também não deviam saber mais. Caso seja eleito terá de constituir um bom gabinete nessa área.
Sem dúvida nenhuma, ao abrir caminho a uma candidatura autónoma e independente da estreita lógica partidária que tanto tem atrofiado o nosso País, o “candidato poeta” transformou-se num quebra-cabeças para o seu próprio partido.
O povo português tem demonstrado privilegiar o que é novidade. Alegre pode ganhar com isso.
Quanto a Louçã, aconteceu o que se esperava. Insistindo em apresentar-se de casaco sem gravata, naquele estilo dúbio, não tratou o seu opositor como “meu adversário”, à semelhança do que tinha feito com Cavaco Silva.
Deixou ainda mais claro aquilo que já se sabia: a sua candidatura não é outra coisa a não ser uma candidatura contra Cavaco.
E é aqui que reside a diferença essencial entre as cinco candidaturas: Mário Soares, Francisco Louça e Jerónimo de Sousa são candidatos “contra”. Cavaco e Alegre são candidatos com motivação diferente. Talvez por isso se venham a encontrar numa segunda volta que, a ter lugar, vem a justificar plenamente a leitura política que Manuel Alegre fez da situação.
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