Cavaco Silva enunciou no seu discurso de tomada de posse os cinco desafios que Portugal tem pela frente : 1) a criação de condições para um crescimento mais forte da economia portuguesa, que vê como fundamental para o combate ao desemprego; 2) a recuperação dos atrasos em matéria de qualificação e formação dos recursos humanos; 3) a criação urgente de condições para o reforço da credibilidade e eficiência do sistema de justiça; 4) a criação dum consenso político que permita alcançar a sustentabilidade do sistema de Segurança Social; 5) a credibilização do sistema político, sublinhando que os agentes políticos têm de ser um exemplo de honestidade, de transparência, de responsabilidade, de rigor na utilização dos recursos do Estado, de ética do serviço público, de respeito pela dignidade das pessoas, de cumprimento de promessas feitas. Relativamente aos dois primeiros desafios, Cavaco subscreve inteiramente os objectivos de José Sócrates. Quanto ao terceiro desafio, o Presidente avisa que o governo tem de acelerar as propostas sobre a justiça antes que ela caia no descrédito total. Quanto ao quarto desafio, o Chefe de Estado pode, pela primeira vez, convencer a oposição de centro direita a fazer o pacto de regime com o PS que um presidente socialista dificilmente alcançaria. Por fim, Cavaco sabe que os portugueses não acreditam nos políticos referindo-se sobretudo, aos “políticos profissionais” e procurará que as nomeações sejam feitas mais por mérito do que por cartão partidário recorrendo, se necessário, ao veto presidencial para os casos onde possa interferir. Os próximos tempos serão de silêncio e de estudo dos problemas.
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