quarta-feira, janeiro 10, 2007

Quando José Sócrates tomou posse como primeiro-ministro não achou suficiente o apoio de uma confortável maioria absoluta de deputados no Parlamento para legitimar um conjunto de medidas contraditórias àquilo que tinha propagandeado na campanha eleitoral e que, presumivelmente, muito terão contribuído para o sucesso da candidatura.
Como uma donzela inocentemente enganada, cedo encontrou refúgio nos braços do seu correligionário político Vítor Constâncio para que calculasse devidamente o deficit público à frente de uma comissão independente.
Sem se fazer rogado, o mais independente dos independentes : S.Exa. Vítor, o Governador do BP (nada de misturas com a gasolineira que faz parte do cartel que decide rápido quanto às subidas e nunca actua nas descidas) estudou, analisou, reflectiu, e como se nunca tivesse reparado no que se estava a passar em Portugal, descobriu que afinal o deficit do PSD/PP estava mal calculado e de 4,1% saltou para 6,82% em 2004.
Descoberta a verdade, tudo assentou como uma luva a Sócrates para aumentar o Iva, congelar os salários da FP, baixar as comparticipações médicas, aumentar o ISP, etc, etc, etc.
Passado mais de um ano sobre a efeméride, e depois de conquistado o défice de 6,2 % em 2005, eis que o défice orçamental de 2006 é apresentado com pompa e circunstância nos seus garbosos 4,6 % do PIB.
Vitória, cantou Sócrates : a dieta a que fomos sujeitos deu para encolher 1,6 % em relação ao ano anterior. Estamos no bom caminho guinchou Teixeira.
Tudo estaria bem não fora o Tribunal de Contas vir anunciar que o seu Parecer sobre a Conta Geral do Estado do Ano Económico 2005 (o primeiro de Sócrates) era muito negativo e que mantinha fortes reservas quanto aos valores globais da receita e da despesas evidenciados na Conta Geral do estado e, consequentemente, ao valor do défice aí apresentado, em termos de contabilidade pública. (pág. 25 do Parecer sobre a Conta Geral do Estado – Ano económico 2005). Recomendções para o futuro enunciou só …146.
Porra ralhou Sócrates! Porra, porra, ecoou Teixeira! Tinha logo que vir o Guilherme estragar a festa e pôr em causa a vitória alcançada a tanto custo dos portugueses, claro está!
Só havia uma maneira de se safarem disto : afirmar que a forma de cálculo do Tribunal de Contas não era a mesma da união Europeia e que lá fora já ninguém usava os dados da nossa contabilidade pública para avaliar o défice! Já está : o Tribunal de Contas não serve para nada porque trabalha com números à antiga e ninguém lhes dá importância!
Tudo isto dá uma ideia que o cozinhado numérico é feito á medida do mestre da culinária, e que os tais Organismos independentes só servem para enfeitar e gastar o dinheiro do povo.
Não será melhor pedir de novo ao Vítor para arranjar uma nova comissão? Ou será que o Sr Independente agora fica caladinho que nem um rato?!

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