Quando comecei a ver a forma cuidada como se estava a preparar o Euro 2004 e a qualidade dos estádios que podiam ombrear com os melhores palcos futebolísticos europeus, quis acreditar que, de uma vez por todas, os portugueses iam passar a encarar o futebol como um espectáculo da mesma natureza dos concertos de música, dos campeonatos de atletismo, das provas de natação, enfim tudo o que se assemelhasse com um espaço de diversão e de lazer, onde se pode estar confortavelmente sentado, num ambiente de festa e divertimento que, por força de consistir numa competição, teria forçosamente de terminar com um resultado favorável a uns e desfavorável a outros.
Mas a verdade é que aos estádios novos opuseram-se as velhas mentalidades dos dirigentes desportivos que se esganiçam por dizer baboseiras e incentivar os adeptos à pancadaria e aos actos desordeiros.
Não é possível ter em Portugal um futebol moderno com dirigentes como Luís Filipe Vieira, Pinto da Costa ou Dias da Cunha, que se digladiam com palavras maldosas espicaçando os seus exércitos (a quem também chamam claques) para a guerra.
Como dizia humoristicamente um adepto domingo de manhã a minha mãe deu-me à Luz, não me deu às Antas nem a Alvalade, mas não é com comportamentos destes que me apanham a assistir aos jogos.
Como dizia recentemente Saramago numa entrevista, não é possível enfrentar os desafios de amanhã com as armas de ontem.
É bem verdade. E esta afirmação encaixa-se perfeitamente no futebol.
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