terça-feira, janeiro 25, 2005

Iniciativas culturais

Depois de ler aqui, ali e acolá, os posts de companheiros da blogosfera, e os comentários que lhes estão apensos, senti-me tentado a falar sobre o assunto.
Desde logo há dois sentimentos comuns, dos quais partilho, que dizem respeito à insuficiência de manifestações culturais no Concelho e à falta de aderência às mesmas quando, ocasionalmente, se verificam.
Felicitações à parte, julgo que não tem que ser obrigatória/principalmente a Câmara a promover este tipo de iniciativas.
Talvez até o papel desta deva sobressair sobretudo quando a logística e os custos inerentes ao evento sejam difíceis de suportar por qualquer outra entidade, colectividade ou agremiação.
As colectividades, de uma forma geral, pela sua forma de intervenção mais próxima da população, estão, julgo eu, mais capacitadas do que a Câmara Municipal para intervir nesta área, porque desde logo se encarregam de garantir, por via do convite pessoal, a assistência necessária que impeça que a iniciativa se transforme num fiasco que, não tendo directamente a ver com a qualidade dos intervenientes, os deixam, e à organização, claramente desanimados.
A minha interpretação quanto ao papel da autarquia, ou do Estado de uma maneira geral, quer no panorama cultural, quer noutros similares, é clara : o poder público só deve intervir nas esferas onde as organizações privadas não forem capazes de tomar iniciativas, facilitando-as e incentivando-as ao máximo de modo a que não requeiram a sua intervenção directa.
A autarquia deve, isso sim, dar um forte incentivo àquelas entidades que, desinteressadamente, dentro dos seus conhecimentos e vocação, forem capazes de trazer até à Murtosa outras formas de culturas a que não estejamos habituados a ver.
Ao adquirir esta postura, a autarquia está a subsidiar o associativismo e, ao mesmo tempo, a contribuir para a sua capacidade de angariação de fundos, recebendo “em troca, “passo a expressão” um raio de luz cultural nas mais diversas áreas.
O exemplo recente do concerto da Banda Ligeira do Exército organizado pelo GMB é paradigmático disto que referi. Ao que nos foi dito pela organização, a Câmara interveio mas apenas como mediador institucional. Tudo o mais teve o cunho e a responsabilidade do GMB, e o sucesso esteve à vista de todos. Eles souberam avaliar qual a melhor hora, dia da semana, local, e tudo o mais, para, em função do público que sabiam ir participar, encherem a sala até ficar à pinha.
Dir-me-ão que a maior parte das colectividades não tem essa capacidade. Talvez sim, talvez não.
Eu penso que não custa experimentar, e que se criar um ritmo próprio para que uma, ou um grupo de colectividades, seja responsável por organizar um evento, angariando para si as receitas de bilheteira, e algum apoio financeiro da edilidade, não faltariam nem os eventos nem o público.
Insistir sem nunca desistir terá de ser a postura de quem sente a responsabilidade de fazer algo pela vertente cultural da população.
Não custa experimentar!

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