quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Marcha lenta

Depois de sucessivos adiamentos, o Novo Código da Estrada entra em vigor no início do próximo mês de Março.
Não tendo dúvidas acerca do facto das multas pesadas e do esquema previsto de contra-ordenações serem fortes inibidores dos excessos conhecidos dos condutores portugueses, julgo que as estradas estão repletas de armadilhas que, com a maior das facilidades, vão impedir grande parte dos condutores de conduzir em apenas meia dúzia de meses.
Bastará para isso que as autoridades fiscalizadoras exerçam um controlo implacável das infracções, o que até se torna mais fácil nos meios pequenos do que nas grandes cidades ou vias de circulação se existir essa determinação exacerbada e tantas vezes incompreensível.
A dificuldade em estabelecer se, em determinada situação, o que é mais importante é a prevenção ou o estrito cumprimento da lei, pode desencadear uma onda de contestações, mais ou menos pacíficas, com consequências graves para a segurança pública.
O português tem uma famigerada tendência para responsabilizar o estado do piso ou a má sinalização como principais causas dos acidentes, dificilmente conseguindo encarar-se a si próprio como primeiro causador da maior parte dos desastres.
Não tenho a pretensão de querer moralizar ninguém sobre estas questões mas reconheço que todos temos a responsabilidade de contribuir para a diminuição da sinistralidade.
Percorrendo anualmente mais de 30.000 km, e constituindo o carro um instrumento de trabalho que não posso dispensar, procurarei analisar algumas situações na Murtosa que precisam urgentemente de ser ponderadas.
Se os leitores decidirem contribuir para esta identificação dos ditas “armadilhas”, talvez os responsáveis possam introduzir correcções que a ninguém favorece e só causa amargos de boca.
Afinal, os blogs também podem ser úteis nalgumas funções.
Como primeiro exemplo, destaco o trânsito sobre o tabuleiro da Ponte da Varela onde, socorrendo-me do limitador de velocidade de que a viatura que conduzo dispõe, experimentei conduzir sem cometer qualquer infracção à lei.
Felizmente não vinha mais ninguém a circular, mas é fácil perceber que transitar àquela velocidade é perigoso, impraticável e absurdo.
O problema é que se subir ou descer a ponte a 35 km/h, e for detectada essa infracção, está sujeito a coima entre 60 € e 300 €; e se for a 51 km/h está sujeito a coima de 120 € a 600 €, e inibição de conduzir no mínimo por um mês, uma vez que se passa a tratar de infracção grave por ter excedido em mais de 20 km o limite de velocidade dentro das localidades.
Ora, em consciência, ninguém consegue transitar em segurança na Ponte da Varela à velocidade que nos é imposta, e as autoridades devem exigir que o limite de velocidade passe a ser de 50 km/h.
O sinal já está tão velhinho que deve remontar aos tempos dos endiabrados carros de bois!

3 comentários:

José Henriques disse...

Sim, é o que precisamos por aqui, uma maior consciencialização por parte das autoridades dos problemas que podem surgir pela má sinalização das nossas estradas e da interpretação que cada agente lhe possa dar. Passa por todos nós, condutores, assumir os nossos erros e evitar que se repitam. Já muito andei, e ando, por este País e estrangeiro e uma certeza tenho.
Não são os outros, somos nós. É que nós somos os outros.

RESPE.CT - ERASMUS+ disse...

Diz-se - por cá tudo "diz-se" - que os 30Km/H terão a ver com a problemática e hipotética insegurança dos pilares da ponte. Dessa forma (condução muito lenta), os pilares abanarão menos e a ponte durará mais. Arranjá-la (se necessário) é que é uma hipótese longínqua. Claro que nas próximas autárquicas vamos ouvir falar da ponte e das soluções que todos terão para ela.

Anónimo disse...

E se, por ventura, um desportista passar pela ponte a correr a mais de 30km/h? Ai estas leis só me fazem rir! Em vez do Código da Estrada se preocupar com coisas sérias...