sexta-feira, dezembro 09, 2005

Cavaco versus Louçã

O debate Cavaco Silva / Francisco Louça na TVI foi diferente dos que até agora se tinham desenrolado.
A TVI é uma televisão sensacionalista e, talvez por isso, quis marcar a diferença. Não conseguiu, diga-se de passagem.
Desde logo escolheu dois entrevistadores com feitio truculento: Constança Cunha e Sá e Miguel Sousa Tavares. Não foram especialmente acutilantes nem colocaram questões pertinentes, talvez por terem de estar cingidos ao figurino pré-estabelecido. Foram como os da SIC e da RTP, só que com ar afectado do princípio ao fim.
Quanto aos entrevistados, seria sempre difícil um debate onde um dos candidatos tem francas possibilidades de ser eleito e o outro nem por isso.
O primeiro não pode usar da demagogia. O segundo pode dizer só aquilo que agrada ao eleitorado que está a representar e que está confinado a um partido político.
Louçã aproveitou todas as oportunidades para encostar Cavaco ao período onde foi primeiro-ministro apontando aquilo que, no seu ponto de vista, foi mau para Portugal. Aliás foi curioso notar que Louçã referiu sempre que os problemas da economia portuguesa existem por causa das políticas dos últimos vinte anos: coincidência ou não deixou de fora o período em que Mário Soares foi primeiro-ministro.
Os entrevistadores foram neste aspecto demasiado permissivos e deram até a entender que estavam a gostar do incómodo que Cavaco evidenciava. Por fim, o exprimirem ministro foi obrigado a dizer que o julgamento como chefe do executivo e líder partidário já tinha sido feito há dez anos atrás e estava ali somente como candidato presidencial.
No entanto, este debate foi elucidativo quanto à dificuldade que o “professor” sentiu quando o “aluno” o contradizia. Cavaco pareceu, em diversas alturas, enfastiado por estar a ser desafiado a explicar determinada posição.
No fundo, a Cavaco Silva só faltou dizer que não estava para perder tempo com inelegíveis demagogos.
Uma coisa é certa: os eleitores que votam Louçã nunca em tempo algum inverteriam o seu voto depois do debate e também não foi por causa dele que decidiram deixar de ser abstencionistas.
Quanto a Cavaco, penso que não terá ganho nenhum voto com este debate, chegando a deixar a sensação de não estar ao corrente de certos aspectos da política actual e dos trabalhos da Assembleia da República. Terá de se preparar muito melhor para enfrentar Mário Soares empurrando-o sempre que possível para aquilo que foram os seus governos, se não quiser deixar a sensação que é pouco vigoroso no frente-a-frente.
Uma última palavra para a postura agressiva de Louçã : nunca tratou Cavaco Silva de outra maneira senão como “o meu adversário”!
Será que vai chamar insistentemente a mesma coisa aos outros candidatos nos próximos debates? Ou para Louçã há só um adversário?
É que se assim for, já devia ter desistido e aconselhar aos seus eleitores que votassem num único candidato de esquerda.

1 comentário:

BB disse...

Se existe qualquer ilação politica a retirar destes debates e a de que a actual classe politica é absolutamente despudorada e decadente ( salvo raras excepções ) senão vejamos :
estamso a semanas de eleger a figura máxima da Nação, tempos 5 potenciais candidatos cuho discurso versa :
Soares :Uma obessão senil por Cavaco Silva, agora que percebeu que o ataque na primeira pessoa não funciona, vem o aparelho colmatar essa lacuna. Não consegue produzir um discurso directo sobre o que pretende e tras de mais valiz para a Nação, só lhe interessa o combate directo com Cavaco, a Nação é secundária.
Jerónimo : Outro candidato obsecado por Cavaco, tipo vinil de 78 rotações, discursa qual corpo morto em que só a cabeça é que ainda não percebeu isso
Louçã : Mais uma obsecado por cavaco, a demagogia que profere provem de dois propósitos, o primeiro para disfarçar a bilis que cavaco lhe produz no roganismo e a segunda advem da liberdade de nada ter a perder uma vez que não vai ganhar absolutamente e ele sabe disso. É claramente a personificação do D.Quixote numa cruzada da esquerda contra a direita e "per meio" A Nação Portuguesa, coisa secundária...
Alegre : O mais lúcido dos candidatos ditos de esquerda, se bem que volta e meia não consegue esconder as suas origens e lá desmande umas sem eira nem beira contraf cavaco, na sua essencia candidata-se por PORTUGAL e não contra um individuo ou ideologia. Tem planos , tem propostas e não se coibe de as apresentar e submeter á discussão ( o debate com soares deve ser coisa linda de se ver )
Cavaco Silva : Candidata-se por Portugal da mesma forma que alegre, não contra um individou nem contraf uma ideologia, por isso mesmo a haver uma segunda volta , no estrito interesse da Nação somente estes dois candidatos, em minha opinião , merecem ser sujeitos a segundo escrutínio.

Se haílações a retirar destes debates, é a de que com excepção destes dois últimos ( cavaco e Alegre ) , os restantes candidatos têm agendas próprias onde Portugal ocupa um lugar secundário.