domingo, outubro 10, 2004

Ouro Negro (I) - Barril acima dos US$ 50

Há uns meses atrás, li vários apontamentos de revistas financeiras que coincidiam num ponto : o barril de petróleo iria ultrapassar, ainda este ano, os US$ 50.
Parecia-me pouco provável, tanto mais que os 159 litros de petróleo bruto (light crude) no New York Mercantile Exchange (Nymex), se mantinham a flutuar entre os 30 e os 35 dólares.
Mas a verdade é que esta semana aconteceu, e o barril do petróleo para entrega em Novembro atingiu o novo recorde de US$ 53,31 na negociação pré-abertura desta sexta-feira, em Nova York. E os futuros até Abril de 2005 estão todos acima dos US$ 50.
Consequentemente o preço do barril de petróleo Brent do Mar do Norte, que serve de referência para Portugal, fechou a sessão de quinta-feira na International Petroleum Exchange de Londres nos US$ 49,20, em consistente subida.
Analistas como Daniel Yergin, autor galardoado com um prémio Pulitzer pela sua obra sobre a história do petróleo e a sua influência na política internacional The Prize, considera que nos encontramos numa altura onde a possibilidade de diminuir o impacto da actual queda da produção é das menores de sempre, e a procura não pára de crescer.
A que se deve então a queda da produção mundial ?
Há uma conjugação de factores tremenda :
1. receios de interrupção nas exportações da Nigéria, onde os rebeldes, secalhar com o apoio da AlQueda, ameaçam danificar estruturas de exploração de crude;
2. possíveis ataques a instalações petrolíferas de alguns países produtores do Médio Oriente, e instabilidade no Iraque;
3. investigação por parte das autoridades de Moscovo à empresa produtora Iukus, da qual se acumulam especulações quanto à interrupção da actividade.
4. lenta retoma da produção no Golfo do México, três semanas depois da passagem do furacão Ivan;
5. crescimento desmesurado do consumo na China com o boom da industrialização;
6. re-condução de Hugo Chaves na Venezuela, o que poderá implicar a falta de investimento na produção.
7. Incapacidade de aumento das quotas de produção nos países da OPEP;
8. Forte redução na produção norte-americana;
9. chegada do Inverno no hemisfério norte, época onde o consumo dispara;
A escalada de subida aque assistimos, para a qual muitos já não hesitam em apontar o barril acima dos US$ 70 ainda este ano, só baixará com a conjugação de três factores: um arrefecimento da economia mundial, um alívio das tensões políticas e um aumento da oferta.
Destes três factores, não me parece possível vir qualquer ajuda nos próximos tempos.
E, enquanto isto tudo está a acontecer, descontraidamente, os portugueses vão consumindo cada vez mais, sem restrições e não fazendo contas à vida.
O que vai ser de nós amanhã, se não diminuirmos o consumo?

4 comentários:

Anónimo disse...

O QuimMurta estará com medo da concorrência?

João Cruz disse...

Depois de ler o post do Santa Terrinha percebi que o apontamento se referia ao seu novo blog.
Seja bem vindo á comunidade.

Anónimo disse...

Concorrência? Isto é a Blogosfera, não é a lota, nem a praça, nem a feira.

João Cruz disse...

Parece-me que estava a falar de petróleo e só vejo comentários sobre outras coisas. Se quiserem conversar do tempo aconselho a beira-mar.