Ouro negro (II) - Todos ao hiper!?

Longe vão os tempos em que as pessoas da Murtosa que trabalhavam em Aveiro ou em Estarreja se juntavam em grupo para se fazerem transportar numa única viatura, em vez de cada um levar o seu próprio carro.
Também os carros não eram tantos, as estradas não eram tão boas, os ordenados não eram os que são hoje e as pessoas pensavam, de uma forma geral, em poupar alguma coisa.
O aumento do preço dos combustíveis que se verificou este ano ainda não fez a grande maioria adoptar aquela medida.
Também, não são só mais 20% nos preços desde Janeiro que nos fazem mudar de ideias de um dia para o outro.
Mas se aprofundarmos um pouco a matemática dos preços podemos pensar doutra forma : para quem vai para Aveiro todos os dias (22 dias x 64 km) percorre 1408 Km; mais uma passeatas ao fim de semana e por mês são 2.000; ao ano, mais coisa menos coisa 25.000 Km.
A gastar 6,5 aos 100 (boa média) irá consumir 1625 litros por ano. Em gasóleo, aos preços de hoje, vai gastar 1.412 €. Quatro ordenados mínimos nacionais
Mais 275 € do que em Janeiro deste ano.
Em gasolina, nem se fala, é só fazer as contas aqui.
Ora, como eu penso que isto dá que para reflectir olhei para o lado quando ia a passar pelo Carrefur em Gaia e reparei que o preço do gasóleo era de 0,75€ / litro (quase menos 0,119 € do que na Galp - 193.5 € no final do ano a menos).
E agora percebi porque é que a ANAREC berra a plenos pulmões contra a abertura dos postos nos hipermercados.
Eles berram lá pelas suas razões.
Mas a verdade é que com a escalada dos preços dos combustíveis e a falta de vontade dos consumidores em abrandar o consumo, vai-se assistir de novo àquilo que parecia já ter passado : a febre das idas ao hiper, o consumo do dispensável, o fecho do comércio local, o desemprego nos pequenos concelhos…tudo por causa do combustível.
Já agora, modere a velocidade : gasta menos e tem menos acidentes.