As declarações de Santana Lopes ao jornal alemão «Frankfurter Allgemeine» afirmando que é o momento para corrigir a política de austeridade dos últimos dois anos deixam muito a desejar.
Este governo e este primeiro-ministro não se podem esquecer que assumiram um mandato a prazo, condicionado pela decisão do Presidente da República que, bem ou mal, preferiu a chamada estabilidade governativa a um acto eleitoral intercalar.
Não quero aqui discutir se fez bem ou mal, porque a decisão é dele e está tomada.
Mas ao tomar essa decisão, Sampaio vestiu a farda de polícia e disse a Santana que ia vigiar a manutenção do rumo do anterior governo e nunca aceitaria inflexões às políticas orçamentais que custaram dois anos de sacrifício aos portugueses.
Nem há qualquer mudança quanto às estimativas do défice orçamental, nem Vítor Constâncio deu qualquer sombra de indicação que é altura de desapertar o cinto.
A aura de alguma leviandade que Santana trás agarrada a si como uma sombra, e a ambição política que lhe é conhecida, parecem estar a turvar-lhe alguma clarividência que, sinceramente, esperava que imperasse, mais que não fosse pelo rigor que Bagão Félix parecia querer impor.
Indiscutivelmente Sampaio vai ter pela frente um fim de mandato a segurar um ferro em brasa.
E, para agravar, vai apanhar todos os dias com os coices dos seus correligionários políticos que, satisfeitíssimos por terem ganho o tempo necessário para se reorganizar à pala desta decisão, não perderão oportunidade para dizer o contrário e o massacrar até à exaustão.
Como diz o povo : as obras falam, as palavras calam.
1 comentário:
Santana Lopes deve pensar que é o Pai Natal e que Sampaio é uma das suas renas...O problema é que Sampaio pensa o mesmo!
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