quarta-feira, novembro 17, 2004

Traçar a eito

Não tinha intenção de me referir para já às obras na Av. do Monte em virtude de ainda não estarem concluídas, mas como ontem me desviei in extremis duma palete de tijoleira que tinha ficado arremessada no meio da estrada à espera que o sol nascesse no dia seguinte e recomeçassem os trabalhos, acabei por me decidir a percorrer todo o trajecto e fazer uma apreciação, ainda que injusta por ser de noite.
Confesso que sempre gostei daquela avenida, talvez por ser a única que quando eu era miúdo se encaixava verdadeiramente no meu conceito da palavra. Talvez por me fazer lembrar o meu avô, aos domingos, a içar a bandeira nacional às oito da manhã na antiga Junta de Freguesia, onde é hoje um pretenso jardim junto à Igreja Paroquial.
Saudosismos aparte, recorrendo a qualquer dicionário ou enciclopédia, avenida é definida como uma rua larga geralmente orlada de árvores.
Ora o que acontece é que se ela já não era muito larga, pelo menos tinha árvores. Agora nem uma coisa nem outra, o que me leva a temer a intenção velada de a renomear Rua do Monte, dando origem à maior contestação pública desde o tempo dos Precursores.
Detesto a crítica barata, mas a intervenção agora em fase de conclusão deixa alguns problemas por resolver, sem falar na questão do arvoredo que certamente estará na mira dos responsáveis, a avaliar pela rapidez com que plantaram um espécime arbóreo no meio da estrada junto ao cruzamento do Guedes, digno de notícia de "fenómeno do entroncamento", sem qualquer sinalização, protecção ou envolvente.
Refiro-me sobretudo ao traço contínuo ao longo de toda a avenida que, compreensível perante estreiteza da via, é ininteligível para as pessoas que ficaram sem local para estacionar o carro sem correr o risco de serem brindadas com uma multa.
Aliás basta passar ali, por exemplo à hora da missa, e ver quantos são os infractores; ou junto dos cafés, a qualquer hora do dia…
Não acredito que venha alguma vez a ver em vida a redução da largura dos passeios que agora estão tão reluzentes com aquelas tijoleiras gera-trambolhão-ao-idoso, pelo que ou se retira o peçonhento traço, ou se proíbe a GNR de passar por ali, ou se arranja mais locais de estacionamento, a começar, por exemplo, eliminando o já citado jardim tão pouco utilizado.
Agora assim como está; desculpem ... mas enganaram-se nas medidas!

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