terça-feira, janeiro 11, 2005

O Mocho e o Papagaio

Folheando algumas notas que vou guardando ao longo dos anos, chego à conclusão que o primeiro sintoma que os líderes partidários evidenciam quando sentem confiança na vitória eleitoral é começar a recusar os debates, sobretudo televisivos, com os restantes dirigentes. Chamo-lhe o “sindroma do mocho”!
Em simultâneo, os líderes que reconhecem fortes probabilidades de derrota, apresentam o “sindroma do papagaio” ; i.e., quanto mais debates melhor, sejam eles onde forem e com quer que seja!
Estes sindromas são contagiosos quase de certeza, porque é habitual ver aqueles que nas últimas eleições sofreram de um deles, agora sofrerem do outro e vice-versa.
As razões de tal incoerência, sobretudo quando os intervenientes são os mesmos, e hoje dizem aquilo que contradizem amanhã é, obviamente, o pavor que têm de expor aos olhos dos eleitores a fraqueza da sua argumentação e a consciência da sua ideologia.
No caso das legislativas de 20 de Fevereiro, Portas e Santana são, ainda por cima, dois dos mais exímios comunicadores da classe política sendo capazes de afirmar numa só frase a confirmação e a negação da mesmíssima coisa sem, ainda assim, se comprometerem com aquilo que poderão fazer ou dizer no futuro.
Sócrates, está por isso aterrado, em ter de enfrentar as mais astutas personagens da política à portuguesa, e optou por só aceitar aquilo com que o seu antecessor mais se indignou há três anos atrás : apenas dois debates na televisão, sendo um com Santana e outro com todos os líderes.
E nós ficamos a pensar : mas não era melhor haver o maior número possível de debates para aumentar o esclarecimento dos eleitores? Quanto mais não fosse, ajudava a adormecer…

1 comentário:

Anónimo disse...

De que síndroma padece o Sr.? O da preguiça?