sábado, janeiro 22, 2005

Programas na mesa!

Quando falta apenas um mês para sabermos quem irá liderar o XVII Governo Constitucional, PS e PSD apresentaram os seus programas eleitorais, afincadamente coordenados por duas formiguinhas obreiras da melhor qualidade : Vitorino e Mexia, respectivamente.
Conforme eu tinha referido há uns dias, e não era preciso ser vidente para o afirmar, o alvo do próximo governo será a redução drástica da despesa pública.
O PSD seguiu o caminho do dogmatismo neo-liberal apontando o crescimento económico e a excelência nos serviços públicos como arma para baixar de 47 para 40 % o peso das despesas do Estado relativamente ao PIB. Saliente-se que Ferreira Leite, com todas aquelas medidas impopulares, não conseguiu baixar sequer 1% em mais de dois anos!
O PS tornou claro que a redução das despesas públicas passa pela redução de 75.000 efectivos da administração pública, num sistema já anteriormente seguido de «por cada dois que saírem só entrará um novo». A novidade é que a escolha incidirá agora em jovens licenciados escolhidos por concurso público nacional que formarão uma bolsa de candidatos.
Uns e outros terão de seguir o mesmo rumo ainda que com teorias diferentes contando, naturalmente, com a forte oposição dos sindicatos da administração pública que já se fizeram ouvir.
Só que até hoje, estas propostas, que toda a gente reconhece como indispensáveis, ficaram à espera de melhores dias e o “monstro”, como lhe chamou Cavaco, não parou de engordar.
Com estes programas, que iremos dissecar comparativamente nos próximos dias, uma coisa já ficou clara : se o PS ganhar as eleições vai governar sozinho, já que os outros partidos de esquerda não se podem comprometer com estas propostas.
Com as sondagens a mostrar a partir de agora que a aproximação entre PS e PSD+CDS-PP é inevitável, e que em nenhum dos casos se atingirá a maioria absoluta, fica para mim claro que, a bem de Portugal, é essencial que a próxima revisão constitucional preveja um sistema eleitoral em que o partido vencedor tenha automaticamente maioria parlamentar e possa garantir o cumprimento integral da legislatura e do programa de governo a 4 anos.
Só assim deixará de haver desculpas de mau pagador para o não cumprimento das promessas eleitorais!

2 comentários:

Anónimo disse...

Que eu saiba, o anterior governo, agora de gestão, tinha maioria parlamentar!

João Cruz disse...

Só que a Constituição Portuguesa consagra que o Sr. Presidente da República tem poderes para dissolver a Assembleia e demitir o Governo,impedindo que a legislatura se cumpra.