terça-feira, fevereiro 15, 2005

Cada vez pior

O presidente da Comissão Episcopal da Migrações e Turismo e Bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, e o Bispo Emérito de Setúbal, D. Manuel da Silva Martins, são duas figuras da Igreja Católica bastante incómodas para a classe política em geral e para a própria igreja mais tradicionalista.
Não foi por isso de estranhar que a decisão de suspender a campanha partidária por parte do PSD e do CDS/PP, e a não utilização de bandeiras ou música por parte do PS, motivada pelo falecimento da irmã Lúcia, tenha merecido por parte daqueles dois bispos uma clara reprovação.
Referindo-se à discrição da irmã Lúcia ao longo dos quase 98 anos de vida, os bispos salientaram o seu testemunho de humildade e uma "faceta de normalidade de alguém que vivia a sua vida sem pensar na sua importância histórica".
D. Januário considera que a irmã Lúcia “viveu sempre escondida numa penumbra" e "nunca foi vista como uma artista de acontecimentos mundanos" tendo prevalecido o seu “desejo de não ter protagonismo".
Pela voz de Ribeiro e Castro, o CDS/PP saiu a terreiro gritando a sua indignação pelas palavras dos bispos, referindo-as como uma verdadeira ofensa aos cristãos portugueses.
Às duas por três, quase fiquei sem saber quem era o bispo!
Lembrei-me daquela expressão popular que tão frequentemente encontramos na nossa comunidade :“ser mais papista que o Papa.”
Confesso que gostaria de não ter ouvido nem os bispos nem os partidos a falar sobre este assunto.
A fé cristã e os sentimentos de cada um deviam ser tratados em absoluto silêncio.
Quando até a morte da irmã Lúcia serve de arma de arremesso de campanha eleitoral, está à vista de todos a qualidade das pessoas que temos à frente dos nossos destinos.
Não há quem ponha mão nisto!

1 comentário:

Anónimo disse...

Sem pretender dar licoes de caracter civico, tudo isto me da a entender que o nivel da democracia portuguesa se encontra ainda num estado infantil, apesar de ja existir ha cerca de 30 anos. A democracia de ca destes lados ja existe ha cerca de 250 anos e, como aconteceu recentemente, a ligacao entre o estado e a igreja foi salientada, por varias vezes, como uma das razoes mais influentes na vitoria de Bush. Em tempo de eleicoes e quando esta em jogo interesses que nao tem nada a ver com a melhoria de qualidade de vida das pessoas, (a influencia dos lobbies e os interesses pessoais tem mais peso), assume-se a postura do vale tudo. E isso faz-se devido ao alto grau do ego-centrismo dos politicos e dos interesses partidarios. O importante e ser eleito, nao importa como. Apesar desta situacao nao estar directamente ligada ao sistema politico, creio que ha uma responsabilidade de mudar o actual "estado das coisas" para que se possam eleger pessoas com mentalidade independente, pelo menos a nivel local. Mas isso e outra estoria!