quinta-feira, junho 02, 2005

Mexidas na saúde

O governo afirma-se decidido a acabar com o défice do Ministério da Saúde.
Não é o primeiro a dizê-lo. Espero que seja o primeiro a consegui-lo.
Falar de gastos na saúde é sempre uma matéria sensível porque está a vida das pessoas em jogo.
Agora que todos temos a noção de que se pode gastar menos e melhor também é verdade.
Algumas medidas avulso mais voluntaristas de quem quer mostrar serviço são estúpidas e injustas.
Ainda recentemente os bombeiros do distrito de Aveiro foram confrontados com uma correcção generalizada dos quilómetros nos transportes de doentes dos concelhos de origem para Aveiro e Coimbra porque um responsável intermédio da ARS-Centro se lembrou de consultar um site na Internet que dá imediatamente a distância entre duas localidades, passando a definir dessa maneira a quilometragem a pagar.
Nem pensou que essa distância está calculada entre os extremos das localidades e que os bombeiros antes de chegarem aí têm de ir buscar as pessoas a casa percorrendo 5 ou mais quilómetros, que o Estado, através da ideia peregrina deste senhor, se quer esquivar a pagar.
Argumentos do tipo levar para Coimbra doentes com consulta marcada às 8 horas da manhã e às 11 horas esperando uns pelos outros, também parece quererem que funcione, ainda que as pessoas doentes tenham que esperar horas a fio.
Em paralelo com estas medidas patéticas, parecem querer surgir outras que considero essenciais, apesar de nem por isso serem inovadoras.
O ministro quer instalar farmácias próprias nos hospitais e centros de saúde.
Há décadas que é nesses moldes que funcionam os hospitais militares.
Os doentes, quando saem da consulta, levam já consigo uma receita para levantar na farmácia interna.
Só que há aqui uma grande diferença : se o tratamento preconizado pelo médico é de 3 comprimidos por dia durante 8 dias, o doente só leva 24 comprimidos. Não leva uma caixa com comprimidos para deitar fora ou perder a validade.
As farmácias e as multinacionais farmacêuticas não gostam destas ideias.
Mas o País agradece porque se poupa muito dinheiro.
Que o Ministro tenha coragem e que se lhe tire o chapéu se conseguir.

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