quinta-feira, junho 23, 2005

Trapalhadas ministriais

Acredito que a marcação da greve dos professores foi marcada intencionalmente para a altura dos exames do 9.º ano e do 12.º ano.
Toda a gente percebe que quando se marca uma greve se pretende causar impacto na opinião pública independentemente dos efeitos colaterais que isso possa causar.
Mesmo que a grande maioria dos professores não tenha feito greve, e que os alunos prejudicados por terem deixado de fazer exames tenha sido praticamente residual, durante uma semana não se falou de outra coisa senão da contestação dos professores.
Não vou discutir aqui se o sistema de ensino está bem ou mal até porque, sendo os resultados o que são, é evidente que muita coisa precisa de mudar.
Talvez regressando àquilo que era no passado, com as necessárias adaptações, bastasse.
À parte destas questões, o que me faz falar neste tema são as
declarações da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, na noite passada à SIC Notícias.
Enquanto o Tribunal Administrativo dos Açores aceitou a providência cautelar interposta pelos professores relativamente à fixação dos serviços mínimos obrigatórios e ordenou a suspensão imediata do despacho do Governo Regional que os fixava, o Tribunal Administrativo de Lisboa teve decisão contrária relativamente a idêntica providência interposta na capital relativamente ao despacho elaborado pela ministra da Educação.
Um País, duas justiças, o que se calhar, tristemente, não estranhamos.
A ministra, comentando estes factos, não teve qualquer pejo em desvalorizar a decisão do Tribunal Administrativo dos Açores e a falta de força do despacho do Governo Regional do Arquipélago, e com toda a calma, afirmou que a decisão relativa aos Açores "não respeita à república portuguesa, portanto não respeita ao nosso sistema".
Eu ouvi hoje de manhã na TSF…senão não acreditava.
Se esta ministra fosse membro do governo de Santana Lopes, hoje toda a gente diria, que os ministros “ só fazem trapalhadas”.

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