Ontem fomos bombardeados com a publicação dos resultados oficiais dos exames de Matemática e Português do 9.º ano da escolaridade.
Ansiosos por ouvir, pelo menos de vez em quando, uma notícia que faça aumentar o ego nacional, fomos apanhados por mais um balde de água fria ao constatar tamanho insucesso global.
Relativamente à Matemática houve substancialmente mais negativas que positivas.
No Português, os resultados foram um pouco melhores, cifrando-se em cerca de 75% a percentagem das notas positivas.
No que respeita às escolas da Murtosa os resultados andaram mais ou menos dentro destes valores, não se desviando demasiado das médias nacionais.
À boa maneira portuguesa, os responsáveis políticos apressaram-se a explicar que o óbvio afinal não é verdade e que os alunos portugueses são razoavelmente bons.
Como estava por fora da fórmula de cálculo da nota final do 9.º ano, e me pareceu que os resultados apresentados pela ministra da educação não eram compatíveis com a desgraça que vinha na imprensa, perguntei comoera a quem sabe destas coisas.
Chegou para perceber que este exame não passa daquilo que na linguagem da moda se chama “um embuste”.
Ou visto de outro prisma, uma estúpida perda de tempo e desgaste de recursos.
A saber : os exames que eu julgava globais (7.º, 8.º e 9.º) são apenas sobre a matéria do 9.º ano; e a nota final que dita se o aluno passa ou não de ano é constituída pela nota obtida no último período do 9.º ano com a ponderação de 75% e pela nota do exame com uma ponderação de 25%.
Ao que me parece esta nota do último período também pretende reflectir uma média do ano todo.
Então, basta fazer umas contas simples para perceber a razão pela qual os alunos não dão a menor importância à preparação nem ao resultado do exame uma vez que ela só em casos muito excepcionais pode inverter a situação que vier de trás.
Ou seja : um aluno que vem com uma nota de 2 do 3.º período só chegará à positiva se alcançar um 4, o que não será nada fácil; um aluno que vier com um 3, mesmo que tenha 1 no exame mantém o 3 e só melhorará de nota se alcançar um 5, o que continua a ser extremamente difícil; um aluno que vier com 1 estará irremediavelmente reprovado mesmo que ocorresse um milagre no exame; os alunos de 4 ou 5 como nota do 3.º período só pioram a nota se houver um terramoto de 10 na escala de Mercali no exame.
Para que serve então o exame?
Não é de certeza para testar os conhecimentos adquiridos ao longo de um ciclo, porque não há nenhum exame digno desse nome que não provoque impactos significativos na vida de um estudante.
Também não serve para definir quais são os alunos que merecem transitar de ano e os que precisam de cimentar melhor os conhecimentos, porque a sina já vem traçada.
Por mais que queira perceber a lógica destes exames do 9.º ano não consigo descortinar qualquer vantagem.
Pelo contrário, vejo algumas desvantagens.
Cria-se aos 14/15 anos a sensação de que um exame é um pró-forma ou um simples cumprir de calendário, não incutindo aos jovens a noção de que o futuro se sobe por patamares e que a falta de capacidade ou de conhecimentos mostrada a determinada altura é sinónimo dum patamar que não se conseguirá transpor nunca mais.
Seria bom que a senhora ministra ouvisse a experiência dos professores e que compreendesse as razões e condições daquelas escolas onde as percentagens de sucessos são superiores para que se melhorassem os padrões de ensino.
O nosso futuro depende disso. O resto são “peanuts”!
Ansiosos por ouvir, pelo menos de vez em quando, uma notícia que faça aumentar o ego nacional, fomos apanhados por mais um balde de água fria ao constatar tamanho insucesso global.
Relativamente à Matemática houve substancialmente mais negativas que positivas.
No Português, os resultados foram um pouco melhores, cifrando-se em cerca de 75% a percentagem das notas positivas.
No que respeita às escolas da Murtosa os resultados andaram mais ou menos dentro destes valores, não se desviando demasiado das médias nacionais.
À boa maneira portuguesa, os responsáveis políticos apressaram-se a explicar que o óbvio afinal não é verdade e que os alunos portugueses são razoavelmente bons.
Como estava por fora da fórmula de cálculo da nota final do 9.º ano, e me pareceu que os resultados apresentados pela ministra da educação não eram compatíveis com a desgraça que vinha na imprensa, perguntei comoera a quem sabe destas coisas.
Chegou para perceber que este exame não passa daquilo que na linguagem da moda se chama “um embuste”.
Ou visto de outro prisma, uma estúpida perda de tempo e desgaste de recursos.
A saber : os exames que eu julgava globais (7.º, 8.º e 9.º) são apenas sobre a matéria do 9.º ano; e a nota final que dita se o aluno passa ou não de ano é constituída pela nota obtida no último período do 9.º ano com a ponderação de 75% e pela nota do exame com uma ponderação de 25%.
Ao que me parece esta nota do último período também pretende reflectir uma média do ano todo.
Então, basta fazer umas contas simples para perceber a razão pela qual os alunos não dão a menor importância à preparação nem ao resultado do exame uma vez que ela só em casos muito excepcionais pode inverter a situação que vier de trás.
Ou seja : um aluno que vem com uma nota de 2 do 3.º período só chegará à positiva se alcançar um 4, o que não será nada fácil; um aluno que vier com um 3, mesmo que tenha 1 no exame mantém o 3 e só melhorará de nota se alcançar um 5, o que continua a ser extremamente difícil; um aluno que vier com 1 estará irremediavelmente reprovado mesmo que ocorresse um milagre no exame; os alunos de 4 ou 5 como nota do 3.º período só pioram a nota se houver um terramoto de 10 na escala de Mercali no exame.
Para que serve então o exame?
Não é de certeza para testar os conhecimentos adquiridos ao longo de um ciclo, porque não há nenhum exame digno desse nome que não provoque impactos significativos na vida de um estudante.
Também não serve para definir quais são os alunos que merecem transitar de ano e os que precisam de cimentar melhor os conhecimentos, porque a sina já vem traçada.
Por mais que queira perceber a lógica destes exames do 9.º ano não consigo descortinar qualquer vantagem.
Pelo contrário, vejo algumas desvantagens.
Cria-se aos 14/15 anos a sensação de que um exame é um pró-forma ou um simples cumprir de calendário, não incutindo aos jovens a noção de que o futuro se sobe por patamares e que a falta de capacidade ou de conhecimentos mostrada a determinada altura é sinónimo dum patamar que não se conseguirá transpor nunca mais.
Seria bom que a senhora ministra ouvisse a experiência dos professores e que compreendesse as razões e condições daquelas escolas onde as percentagens de sucessos são superiores para que se melhorassem os padrões de ensino.
O nosso futuro depende disso. O resto são “peanuts”!
1 comentário:
Sobre a questão dos 25%, há a referir que essa percentagem apenas se aplicou a este ano lectivo. Para o próximo, os exames do 9ºano passam a ter um peso de 30%. Ou seja, uma aluno que obtenha um nível 3 na nota de frequência e um nível 1 no exame, reprova na disciplina.
Enviar um comentário