sábado, agosto 20, 2005

Há uns dias que tinha combinado com uns primos que se encontram de férias na Murtosa fazer uma visita à Casa Museu Custódio Prato.
O fortíssimo vento que se fez sentir na Torreira provocou que a ocorrência se desse hoje de tarde, já que a permanência na areia mais parecia uma sessão de apuncultura.
O projecto da Casa Museu começou em 1991 com um protocolo entre "Os Camponeses da Beira-Ria" e a Igreja (herdeira por testamento). Até à inauguração da primeira fase passaram cinco anos, vindo a mesma a ocorrer a 19 de Maio de 1996.
Depois desse dia só lá voltei a estar mais uma vez. E o pior que pode acontecer a um museu é não ser visitado. Pelo menos
ontem e hoje teve gente.
A criação, manutenção e crescimento daquele espaço onde está escrita a história do quotidiano murtoseiro do passado recente é obra dum grupo incansável de pessoas que assim quis que não nos esquecêssemos daquilo que era a vida dos nossos antepassados : as mulheres e os homens, os jovens e os menos jovens que constituem "Os Camponeses da Beira-Ria".
É interessante comparar a casa Museu Custódio Prato e o Museu Etnográfico da Murtosa.
O primeiro nasce por interesse das pessoas; o segundo por decreto municipal.
O primeiro vive do trabalho voluntário de muita gente; o segundo depende das decisões de algumas pessoas e do dinheiro que estas lhe destinem.
O primeiro cresce pela dedicação; o segundo agoniza pela distracção.
Num meio pequeno e sem recursos financeiros consideráveis, penso que ninguém pode ter dúvidas de que só pode haver um único Museu na Murtosa, e que mesmo esse só pode sobreviver se as pessoas o abraçarem com a força com que os "Os Camponeses da Beira-Ria" o fazem. O apoio institucional é preciso mas está muito longe de ser suficiente ou determinante.
Ainda que os malfadados “fundos” apareçam sorrateiros para fazer crer os mais festivaleiros que um Museu possa nascer para durar apenas uma ou duas décadas.
Talvez este fosse um dos bons temas para lançar na discussão das autárquicas : o que é que os candidatos pensam fazer nos próximos quatro anos relativamente aos espaços museológicos do Concelho?

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