terça-feira, setembro 27, 2005

Tema : Protecção Civil

As sociedades são vulneráveis aos fenómenos naturais e aos riscos tecnológicos, mas essa vulnerabilidade não se faz sentir da mesma forma, nem com as mesmas consequências, em todas as estruturas sociais.
Poucas pessoas acreditariam ser possível uma resposta tão ineficaz dos serviços de protecção civil americanos aos efeitos provocados pelo furacão Katrina, em Nova Orleães.
As precipitações fortes, as cheias, as trovoadas, os ventos ciclónicos, os incêndios florestais, as ondas de calor e a seca, as vagas de frio, os sismos, entre outros, são exemplos de riscos naturais a que todos nós estamos sujeitos.
Um acidente grave numa indústria química ou uma ruptura num pipeline onde se movimentem substâncias perigosas, cujos efeitos se possam repercutir gravemente na saúde pública e no ambiente são, igualmente, riscos do nosso quotidiano.
Conscientemente ou não, julgo que a sociedade deposita em alguém confiança suficiente para que a proteja e a socorra nas ocasiões mais ou menos catastróficos destes inesperados acontecimentos.
Mas o que mais vulgarmente assistimos nestas alturas, é o instalar nas pessoas da desorientação e do pânico, e uma demora desesperante das estruturas de protecção civil.
Podem então existir várias posturas dos mais altos responsáveis locais perante a probabilidade de virem ocorrer nos seus municípios estes fenómenos, situando-se as mesmas entre os extremos da paranóia doentia e da irresponsabilidade absoluta.
Quando os efeitos da catástrofe se começam a fazer sentir, a população precisa que lhe diga o que fazer, para onde se dirigir e como se comportar.
Ao mesmo tempo, as forças de protecção civil têm de estar treinadas e conhecer de forma determinada como atenuar os riscos e como orientar a actuação da população para que se minimizem as perdas humanas e materiais.
Ter um Sistema de Informação Geográfica à disposição e não disponibilizar ou não possuir conhecimento, por exemplo, da localização dos pontos de água para reabastecimento em caso de incêndio, ou dos caminhos e aceiros que devem ser utilizados pelas forças de intervenção e do seu estado de conservação, é desperdiçar capacidades e agravar as consequências dos riscos.
Na campanha eleitoral para as autárquicas que hoje começou, é muito raro, por esse país fora, ouvir um candidato referir-se às medidas que tenciona tomar quanto à protecção civil municipal.
Na Murtosa, o panorama não é diferente esperando-se, sobretudo, que ocorrências graves não nos atinjam.
Pese embora a grande boa-vontade e dedicação de muitas pessoas e Entidades, estou convencido que não estamos convenientemente preparados, organizados, treinados, sensibilizados nem esclarecidos, para enfrentar um acidente natural ou tecnológico com gravidade.
Apostar de forma consistente a médio prazo no Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil do Concelho da Murtosa, mesmo não sendo um bom argumento para a conquista de votos, seria uma atitude responsável e equilibrada que os munícipes saberiam dar valor.
Nos próximos dias veremos se os nossos candidatos têm alguma perspectiva para apresentar sobre esta matéria.

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