terça-feira, outubro 25, 2005

Ó papão vai-te embora

Durante o trajecto para casa, tive oportunidade de ouvir pela rádio, e na íntegra, o manifesto eleitoral do candidato Mário Soares, bem como a respectiva sessão de perguntas e respostas dos jornalistas.
Terminada a sessão, chego à conclusão que durante a nossa vida há sempre quem nos procure incutir o medo tentando induzir-nos a tomar atitudes que não são aquelas que verdadeiramente estavam na nossa vontade.
Em bebé, o papão funcionava como argumento contra a recusa de comer a sopa ou o peixe cozido.
Mais crescidinho, quando o papão foi embora, surgia o polícia, quando a sociedade era ainda fortemente influenciada pelo respeito à autoridade.
Depois, veio o 25 de Abril, e os fantasmas passaram a ser os comunistas que comiam as criancinhas e faziam desaparecer os jovens.
Depois era a tropa, e por aí adiante até que a firmeza de carácter fazia desaparecer a importância dessas influências.
Tantos anos depois, surge agora Mário Soares com o fantasma da garantia de estabilidade política que ele se assume como único e exclusivo proprietário.
Eu sei que a idade às vezes nos faz tirar conclusões que os mais novos não são capazes de ver. Mas também não me esqueço nos tempos em que Cavaco era primeiro-ministro qual era o conceito de estabilidade que Soares tinha da magistratura de influência do Presidente da República.
Chateia-me que Soares insista em passar atestados de menoridade e de insanidade aos portugueses.
Gostei de uma coisa que ele disse: só é vencido quem desiste de lutar.
Nisso, tem toda a razão.

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