quinta-feira, novembro 10, 2005

A biblioteca viva

São poucos os municípios que não se empenham em possuir uma biblioteca. Transmitir aos cidadãos que a edilidade se preocupa com as questões culturais, nomeadamente a leitura, é, pelo menos, uma questão de imagem.
Mas se pensarmos na razão de ser da existência de uma biblioteca certamente não nos podemos desviar muito do seu objectivo essencial : divulgar os livros que compõem o espólio e incentivar hábitos de leitura nos cidadãos em geral e, em particular, nas crianças e nos jovens.
Ninguém terá a veleidade de pensar que este objectivo se impõe naturalmente apenas pela existência de um espaço com o nome de “biblioteca”.
Exceptuando o interesse particular de quem quer consultar especificamente um livro que não se encontra facilmente à sua disposição, a biblioteca torna-se um espaço morto se não forem criados factores aliciantes para que as pessoas a procurem.
Um dos factores que se torna determinante, desde logo, é o seu horário de funcionamento. Por mais que se insista em estabelecer um horário de funcionalismo público é mais que reconhecido que as pessoas que trabalham e os jovens estudantes procuram a biblioteca a horas mais tardias e aos sábados. Por essa razão, um horário como o da biblioteca de
Estarreja é muito mais aliciante do que o da biblioteca da Murtosa.
Outro dos factores que nos dias de hoje faz todo o sentido é juntar no mesmo edifício a biblioteca e aquilo a que se convencionou chamar “espaço internet”. Reduzem-se despesas com pessoal, permite alargar os horários de funcionamento e cria-se o acesso à consulta de bases de dados e outro tipo de elementos que não existam nas prateleiras.
O cartão do leitor é uma das opções usadas em muitas bibliotecas para criar a fidelização e a frequência dos interessados, proporcionando descontos na aquisição de obras, simples descontos em serviços de cafetaria e bar, etc.
Proporcionar aos leitores o acesso a jornais e revistas nacionais e estrangeiras, desde o simples diário à edição mensal, e criar uma sala de leitura agradável, climatizada e confortável, é outro aspecto a não esquecer.
A política municipal de investimento em novas obras e softwares informáticos actualizados de consulta (enciclopédias, dicionários, etc) é importante para definir o empenhamento com que a Câmara está disposta a mostrar se pretende ter uma biblioteca viva ou estagnada.
Mas mesmo com isto tudo, não é fácil massificar o hábito da leitura e da frequência dum espaço cultural como uma biblioteca. Torna-se essencial associar à biblioteca outras iniciativas culturais (exposições, reuniões, concursos literários, de pintura e fotografia, escola de música, manifestações associativas, etc) que tenham um carácter constante e frequente “obrigando” as pessoas a irem até lá.
Espero muito sinceramente que, num curto espaço de tempo, surjam novas ideias e uma nova visão do que poderá ser a biblioteca na Murtosa, para que as pessoas ganhem vontade de a frequentar.

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