terça-feira, dezembro 20, 2005

O cidadão cliente

Qualquer organização, empresarial ou não, que se preocupa com a obtenção de resultados favoráveis ao seu crescimento e prestígio sustentados obriga-se à gestão por objectivos.
Com maior ou menor grau de extensão, dificuldade e precisão, a gestão por objectivos compromete os responsáveis de uma organização com a obtenção de determinados resultados que podem ser mais ou menos ambiciosos ou difíceis de alcançar.
Em função desses objectivos são delineadas estratégias que devem ser afinadas periodicamente para que não haja percalços de percurso que inviabilizem a prossecução dos resultados.
Os responsáveis dos vários sectores da organização apresentam os seus indicadores periódicos de gestão e respondem perante a administração/gerência pelo sucesso ou insucesso de sua intervenção, propondo as medidas que julgarem necessárias para fazer inflectir a situação, caso os resultados estejam abaixo do esperado.
É este dia-a-dia sob pressão, esta sensação de estar em risco, e das capacidades pessoais estarem em permanente observação e avaliação, que torna a actividade profissional nas empresas modernas mais aliciante do que naquelas onde a “vida corre sem problemas de maior”.
Falo neste assunto porque já me tenho questionado sobre a não aplicabilidade da gestão de objectivos em determinados serviços públicos e municipais.
Por exemplo : na semana passada, entreguei nos serviços da Câmara da Murtosa o meu pedido de ligação ao saneamento básico, devendo ficar a aguardar que me autorizem começar a verter para a rede aquilo que até agora vai parar às fossas.
Se a filosofia de funcionamento da Câmara obedecesse à gestão por objectivos, o meu pedido de ligação entraria imediatamente numa programação pré-definida de “x’s”instalações que os serviços se obrigavam a fazer diariamente e eu seria prontamente informado da data em que passaria a ter acesso ao saneamento que, entretanto, já paguei.
Isto é o que há de mais elementar para qualquer cliente quando consulta um fornecedor a fim de contratar um serviço: para além do preço, ele quer saber quando, como e onde ele será prestado sem atrasos nem contratempos.
Não havendo esse princípio, o meu pedido entrará numa fila de espera cuja cadência de despacho será aquela que a rotina determinar.
O "monopólio" da prestação de determinados serviços públicos tem contribuído para que se instalasse esta forma de actuação pouco compatível com as exigências de hoje.
Quem diz o requerimento para o saneamento, diz para a água, para o projecto, enfim, para uma série de serviços que os organismos públicos prestam aos seus clientes que somos todos nós cidadãos.
Felizmente, vão aparecendo casos onde estas filosofias de gestão fazem parte do dia a dia.

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