domingo, agosto 27, 2006

O S.Paio dos nossos dias

O sol começa a pôr-se cada vez mais cedo e as festas do S.Paio da Torreira aproximam-se velozmente chamando ao nosso Concelho milhares e milhares de visitantes que não perdem o acontecimento “nem que a vaca tussa”!
Como sempre o programa é recheado de eventos, uns mais interessantes do que outros, que isso do interesse de cada um é como o de cada qual.
No que respeita aos conjuntos musicais para abrilhantar a festa, em relação aos quais não me sinto à vontade para caracterizar ou comentar, fiquei apenas hesitante quanto ao “Grupo Orangotango” que actuará no sábado, talvez por não saber se a especialidade é a música sensual originada na América Latina, ou se se trata de alguma novidade vinda dos confins de África. Seja como for, no S.Paio ninguém leva a mal qualquer tipo de brincadeira.
Mas voltemos ao S.Paio e à sua importância para o Concelho na perspectiva de que o torna cada mais conhecido e apelativo a novos visitantes.
Em primeiro lugar, as festas do S.Paio são um ex-libris da Murtosa. Como tal, a riqueza e a sumptuosidade do evento é, aos olhos dos que nos visitam, um espelho da terra e daquilo que ela é capaz de oferecer. Por essa razão, as festas do S. Paio são uma oportunidade única que temos todos os anos para investir no nosso futuro.
Os outros símbolos através dos quais o Concelho é conhecido são, julgo eu, o barco moliceiro, o barco de mar e a caldeirada de enguias.
Então, talvez valha a pena juntar tudo isto e dar mais valor aos festejos.
Sendo certo que o “Fogo no Mar”, o “Fogo na Ria”, o “Concursos das Rusgas”, a “Missa e a Procissão”, a “Corrida de Chinchorros”, a “Corrida de Bateiras à Vela”, a “Regata de Moliceiros” e o “Concurso de Painéis de Moliceiros” são momentos inolvidáveis sem os quais o S.Paio nem seria o mesmo, não é de desprezar que se comece a aproveitar o evento para divulgar alguns dos nossos costumes ancestrais que se vão perdendo no tempo ou nunca chegarão a ser lembrados.
Refiro-me, por exemplo, à pesca no mar com a arte xávega e ao alar das redes para terra com as juntas de bois. Muitos gostariam que a arte perdurasse diariamente com as características de antigamente mas, se por razões operacionais e de rentabilidade isso não é possível, julgo que seria importante incluir nas festas do S. Paio uma manhã ou uma tarde (conforme a maré e o estado do mar) dedicada à reconstituição integral da faina finalizando com a venda do peixe na areia. Julgo que todo o povo gostaria e que seria uma oportunidade única para os mais novos assistirem a um acontecimento de que nem fazem ideia de como decorria.
Também quanto à vida e à faina do moliceiro, as regatas e os painéis não são tudo o que existe acerca da história daquela embarcação e da sua actividade na Ria.
Será que não se poderia integrar nos festejos uma zona na Ria onde permanecessem dois ou três moliceiros repletos da sua palamenta e de artefactos originais com os quais se reconstituiria a história dos homens que ali trabalhavam, ficando as explicações a cargo de pessoas experimentadas acerca dos pormenores que cada vez menos se conhecem? É que às vezes parece que não há consciência que muita gente sabe o que é um moliceiro mas pouco mais conhece do que a sua silhueta.
Diria que no S. Paio se poderia construir aquilo a que chama um “Quadro Vivo Tradicional” sempre tão do agrado dos visitantes de qualquer lugar por ser uma forma mais interactiva e genuína de transmitir os costumes e a vida de uma região.
Por último : a caldeirada de enguias. Não seria uma alternativa que interessasse a quem quer conhecer ou degustar apenas uma comida de qualidade e não está disposto a entregar-se ao frango assado ou à posta de bacalhau servido nas inúmeras barracas da Avenida?
Se o S.Paio já se adaptou à gente mais nova que procura os bares de praia em vez da caminhada avenida acima avenida abaixo, talvez seja altura de inovar mais alguma coisa que dê um novo impulso à nossa festa!

1 comentário:

Anónimo disse...

Do mais útil em termos de propostas do que já vi, ouvi ou li sobre as festas de S.Paio.
Excelente post.
Cumprimentos