quarta-feira, outubro 25, 2006

Conversa da treta!

Quando o José se lembrou que o Mário tinha querido ser outra vez aquilo que tinha sido dez anos antes, meteu as mãos à cabeça e disse : “António, ainda bem que ele não conseguiu. Estávamos desgraçados!”
- Ó José, não sei porque é que dizes isso, disse o António. Então tu não vês que o Mário é de esquerda como nós?
- Nós éramos de esquerda, António! Éramos, estás a perceber?
- Então, já não somos?
- Quer dizer… por fora somos.
- E por dentro não? perguntou o António.
- Por dentro, somos de direita…pelo menos até endireitarmos “isto”!
- E quando é que “isto” fica direito?
- Quando os reformados morrerem todos, os doentes não forem atendidos depois de pagarem as taxas moderadoras, os deficientes pagarem IRS como os outros, só tivermos mil funcionários públicos, os alunos só tiverem professores a quem os pais dêem boa classificação aos seus filhos, o Iva for de 30% e todos os portugueses pagarem portagem nas scut’s!
- O José, mas tu achas que nessa altura achas que ainda cá estamos?
- Pelo menos podemos contar com o Aníbal, a não ser que o gajo vire do avesso? Se fosse com o Mário, já não se falava de outra coisa que não “o direito à indignação”?
- Isso é verdade. Naquele tempo a malta indignava-se por tudo e por nada. A direita era lixada para o povo.
- Por isso o povo elegeu a esquerda, disse o José.
- Para quê, afinal, perguntou o António?
- Por causa da lei do aborto!
- Por falar nisso, o Campos já fixou a taxa moderadora do aborto, perguntou o António?
- Já, respondeu o José. Vai ser de 5.000 €!
- Poooorrrrrra! Isso não é demais, José?
- Temos de endireitar isto, sabes como é. Se o pessoal há-de ir a Espanha encher os bolsos aos gajos, que o façam cá. O que é nacional é bom.
- Lá isso é verdade.

Sem comentários: