sexta-feira, outubro 20, 2006

Contestação crescente

Portugal atravessa hoje uma onda de contestação social como já não se assistia há muitos anos.
Como sempre aconteceu, a expressão do descontentamento popular manifesta-se sobretudo ao nível do funcionalismo público.
Os ministérios mais efervescentes são, invariavelmente, o da saúde e o da educação. Os professores, os médicos e os enfermeiros, são as classes cujas greves mais repercussões se fazem sentir ao nível da opinião pública.
As expectativas de carreira destes profissionais, eventualmente mal concebidas de raiz, foram completamente desvirtuadas e muitos assumiram compromissos financeiros que dificilmente conseguirão cumprir devido ao congelamento das suas carreiras.
É verdade que a promoção por antiguidade tão característica da função pública portuguesa não estimula nem premeia os mais esforçados e os mais capazes. É também verdade que o funcionalismo público não acredita que o mérito seja imune à “cunha” e ao “amiguismo político”.
Os sindicatos não ajudam nem nunca ajudaram os seus associados nesta matéria, conhecedores que são que no dia em que as promoções assentem no mérito de cada um, o seu poder cada vez mais magro desincha num ápice.
Penso que os funcionários públicos acreditam que as suas greves não vão surtir qualquer efeito nas decisões do governo. Os sindicatos deverão sentir o mesmo.
De dia para dia caímos cada vez mais no “salve-se quem puder” e o governo faz o papel de “ave de rapina” e de “abutre”, agarrado com unhas e dentes à necessidade de controlar o défice público.

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