quarta-feira, novembro 23, 2005

Novo aeroporto de Lisboa II

A dar crédito aos defensores do projecto, a Ota é a melhor solução para o País, é das localizações possíveis a que provocará menores danos ambientais, o Estado não vai gastar praticamente um tostão com o novo aeroporto, Lisboa passará a poder fazer quase o dobro dos movimentos de aeronaves por hora em relação ao que faz hoje, etc, etc, etc.
Em simultâneo têm decorrido outros eventos relacionados sub-repticiamente a esta cerimónia, como sejam a concretização do negócio da compra de 12 Airbus350 pela TAP, os contratos do TGV, e o lançamento do site da NAER na Internet.
Não ponho em causa, antes pelo contrário, que se façam grandes investimentos promovidos pelo Estado.
Investir, na verdadeira acepção da palavra, seja pelas empresas seja pelo Estado, representa aumentar o número de equipamentos ou ampliar as instalações de forma a fazer crescer a capacidade produtiva com o intuito de obter lucros maiores ou resultados melhores.
Para investir é necessário dinheiro, seja ele próprio ou alheio, o qual terá o preço do capital mais os respectivos juros.
O que está em jogo com o novo aeroporto da Ota ou de Lisboa, como lhe queiram chamar, é saber se dinheiro dos nossos impostos que o governo ali pretende aplicar é ou não um investimento e se há alternativas mais baratas com reflexos idênticos em termos da produtividade nacional.
Os investimentos são normalmente precedidos de estudos que, na medida do possível, expressam as expectativas do investidor acerca dos resultados que espera obter. E o investidor deve estar aberto a avançar e a recuar consoante os estudos forem no sentido da obtenção de resultados favoráveis ou de resultados funestos.
Não é razoável ao investidos ignorar os estudos que vão em sentido contrário às suas próprias expectativas, já que se a intenção for essa não vale a pena gastar dinheiro só “para atirar areia para os olhos do povo”.
A Ota fica longe de Lisboa porque não é possível haver TGV’s a toda a hora para fazer as ligações a todos os voos, vai debilitar fortemente o turismo na capital, pode estrangular e aniquilar o aeroporto Sá Carneiro já que ficará a pouco mais de uma hora em comboio de alta velocidade, e representa um esforço financeiro substancial apesar das palavras ocas do governo de que vai ser quase todo pago por investidores provados.
Portugal não tem actualmente condições económicas para pensar no novo aeroporto em 2006, o que não quer dizer que daqui a meia dúzia de anos não o possa fazer.
As pessoas estão cansadas de fazer sacrifícios para que governantes e autarcas o torrem em bestialidades que os enchem de orgulho mas que nos esvaziam de riqueza produtiva.
Talvez valesse a pena aos nossos governantes deixar de lado a partidarite e pensar em termos de não empenhar o futuro dos mais jovens.

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