terça-feira, novembro 22, 2005

Novo aeroporto de Lisboa I

Realiza-se hoje na capital a conferência «Lisboa 2017: Um aeroporto com futuro» onde José Sócrates vai defender a sua dama perante 700 convivas escolhidos a dedo que irão compor o ramalhete e bater palmas a troco de uns acepipes e uns copinhos de vinho branco.
Na sua maioria, os distintos convidados, carregam a esperança de serem escolhidos para fazer as obras (empreiteiros), para as financiar (banqueiros), para construir os prédios à volta (imobiliárias), ou obter cargos de administração (políticos do partido do governo, ou outros disponíveis para trocar de camisola).
A minoria sobrante dos convidados, sem interesses específicos na propaganda e no alarido, vão ouvir o que o primeiro-ministro tem para dizer, e no final decidem se aplaudem ou meneiam a cabeça.
É para estes que Sócrates vai olhar, porque os outros já estão convencidos da bondade do projecto há muito tempo, e até perfilham a ideia de quem não quer apostar no elefante branco é vesgo, forreta, antiquado ou mentecapto.
O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, uns dias de pêra e outros de cara rapada (dizem que é uma forma de dificultar a identificação a possíveis homens-bomba) anunciava esta manhã, como aperitivo, que iriam ser criados com o projecto 56.000 novos postos de trabalho, metade directos e outra metade indirectos.
Julgo que “indirectos” quer dizer “emigrantes da Europa de leste e/ou africanos” ; e “directos” quer dizer “aqueles que irão substituir os que se reformam ou ficam desempregados com o fecho da Portela”.
Os indirectos são aqueles que no fim, quando se acabarem as obras serão despachados para o “bairro dos húngaros” ou para o “bairro do fim-do-mundo”, ficando no desemprego e alimentando o descontentamento e a desordem natural de quem foi deitado para o lixo como o guardanapo depois de já ter limpo a boca no repasto.
Os directos, são os que se vão passar a deslocar todos os dias 50 km para cada lado, dando uso ao tal comboio de alta velocidade, ou torrando o dinheiro todo que ganham em combustível automóvel que por essa altura já deverá rondar os 2€/litro.
A contrariar este clima de propensão para o despesismo exacerbado de um país na penúria, aparece Manuel Alegre a estragar a festa e a esmagar Mário Soares com o epíteto de traidor.
E assim vamos nós com a maioria pronta para aprovar o OGE2006 que nós levará de avião ou de comboio veloz não se sabe bem para onde.

Sem comentários: