quarta-feira, abril 18, 2007

Nos últimos 15 dias Portugal não falou de outra coisa. Um retrato fiel de um País onde o mais importante de tudo é o "título" que nos países desenvolvidos ninguém usa agarrado ao nome como uma lapa.

2 comentários:

jb disse...

A melhor prova de que os portugueses ligam aos títulos é-nos dada pelo actual Primeiro-Ministro que, já lançado na vida profissional, necessitou de uma licenciatura para alargar ambições políticas.

Que o facto de José Sócrates ser ou não engenheiro nada conta para o seu desempenho enquanto governante, parece ser um lugar comum.

Que José Sócrates errou ao fazer-se passar por aquilo que não era, parece inequívoco.

Que o facto de José Sócrates ser licenciado e dizer-se engenheiro é irrelevante no quadro dos problemas que o País enfrenta, parece óbvio.

Que todo este alarido levanta outras questões muito mais graves, das quais pouco se fala, também parece evidente.

Assim sendo, porque é que não nos preocupamos com o facto de haver universidades onde é possível obter-se licenciaturas de forma pouco transparente?

Porque não nos preocupamos com as centenas de estudantes que se arriscam a ficar em situação muito delicada com o provável encerramento das instituições onde estudam, as quais obtiveram acreditação ministrial para funcionarem?

E já agora porque é que não questionamos aprofundadamente as reformas que o nosso Governo pretende implementar?

É que se os títulos contam tanto para o nosso Primeiro-Ministro, se calhar, atrás das famigeradas "reformas" encondem-se antes subtis mudanças políticas, devidamente engalanadas com nomes pomposos para nos encher o olho.

E se há coisa de que podemos ter a certeza, é que se as coisas continuarem a correr mal não há títulos que nos valham.

João Cruz disse...

Tempos houve em que um título académico era imprescindível para obter um bom emprego e o Dr e o Engº eram tratados com uma vénia tanto maior quanto mais longe se distanciassem das cidades.
Agora, a proliferação de cursos e licenciaturas acabou com esse "tabu" bem à portuguesa.
Mas o que parece ainda não ter sido incorporado pelos portugueses é que não há título ou curso que nos valha se as competências adquiridas ao longo da vida não demonstrarem que o valor intrínsico do profissional é realmente bom.
A capa política não chega para tapar a falta de capacidade e de competência técnica e ética.