quinta-feira, maio 24, 2007

A Barca do Inferno

Um parvo é um indivíduo que revela falta de inteligência e de bom senso, cujo comportamento é considerado desagradável e irritante (Dic. Lig.Portuguesa da Porto Editora).
Mário Lino Soares Correia, o Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico, como faz questão de frisar não sei se para achincalhar alguém, afirmou-se no elenco ministerial de Sócrates como o maior parvo de todos.
A concorrência é feroz, mas Lino bateu-a aos pontos com as afirmações de ontem na almoço da Ordem dos Economistas : “a margem sul é um deserto" e por isso seria "uma obra faraónica" fazer aí o futuro aeroporto de Lisboa; "Na margem sul não há cidades, não há gente, não há hospitais, nem hotéis nem comércio", disse o governante, acrescentando que, de acordo com um estudo recente, "seria necessário deslocar milhões de pessoas" para essa zona para justificar a construção do novo aeroporto" (só se fossem chineses! ou então naturais da Ota!)
Inspirado como sempre, e tentando superar tanta parvoíce junta, o ex-Presidente da Assembleia da República, Almeida Santos ainda tentou superar o colega de partido declarando : «Um aeroporto na margem sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada? Quem quiser criar um grande problema em Portugal, em termos de aviação internacional, desliga o Norte do Sul do País» (brilhante! Se a Al-Qaeda o descobre ainda o leva para o deserto!)
Espero que Sócrates não deixe falar mais nenhum ministro, e que ele próprio finja que continua surdo, senão este festival de mau senso ainda vai dar mau resultado.
Já no teatro de Gil Vicente, o Parvo tem uma função cómica, causada pelos disparates que diz, convertendo-se numa espécie de comentador independente da acção, pondo à mostra, com os seus disparates, o ridículo das personagens, excluindo-se a si próprio e nunca sendo observado pelo interesse que em si mesmo possa oferecer. A sua função constante é a de, a coberto da irresponsabilidade, obter efeitos cómicos a partir de situações alheias a ele.
Mas Mário não é alheio a toda a trapalhada do novo aeroporto da Ota que quer construir à viva força. Muito menos se pode excluir duma opção que cada vez defende mais sozinho!
Se a atitude de Mário Lino não fosse trágica para Portugal, talvez até fosse cómica!
Só espero que não se lembre de me levantar um “processo disciplinar” por delito de opinião!

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho que o Augusto Santos Silva passa-o aos pontos...