quarta-feira, maio 23, 2007

Temos equipa!

O 11 inicial para o jogo político da a Câmara Municipal de Lisboa está constituído desde esta tarde com a entrada de Carmona Rodrigues para a equipa dos candidatos.
Todos por Lisboa, claro está.
Todos para a salvar do demónio do despesismo, da corrupção, do clientelismo, e do imenso buraco financeiro onde a capital se tem afundado desde há mais de uma vintena de anos.
Como na grande maioria das autarquias, não custa nada distribuir o bodo aos pobres (entenda-se os “amigos” e “compadres”) à fartazana tanto mais que quem paga sempre a festança é o povo.
Telmo Correia, Ricardo Sá Fernandes, António Costa, Fernando Negrão, Helena Roseta, Carmona Rodrigues, Ruben de Carvalho, são os mais conhecidos da população.
Todos têm pelo menos um projecto para Lisboa, coisa que até hoje ninguém se tinha lembrado.
Como a capital estava mesmo a precisar, o bolo dos votos dos lisboetas vai ser repartido por muitos convivas, e mesmo aqueles que esperavam degustar uma das maiores porções, têm pela frente um brinde, ainda por cima “independente” que, como sabemos causa enormes indigestões ao pessoal de carreira.
Todos os que têm direito a tempo de antena são unânimes em eleger os idosos, o ambiente, e o urbanismo como bandeiras pessoais destas eleições. Nenhum quer ouvir falar de “boys”, de “empreiteiros”, de “especuladores imobiliários” nem de “partidos”!
A partir do dia seguinte ao acto eleitoral, o ataque de amnésia instala-se imediatamente no vencedor (ou na coligação dos mesmos).
Diz-se que Lisboa vai ter dentro de pouco mais de uma década cerca de 30% da população com mais de 65 anos. Então quem seria o candidato suficientemente tolo para não se mostrar muito preocupado com os velhinhos que não têm um tecto condigno, um médico de família, um centro de saúde a uma distância suficientemente perto para não morrer no caminho, uma reforma que lhe dê para comprar a medicação?
Agora vêem aí dois meses de baboseiras e de promessas que sempre ficarão por cumprir!
Será que ainda veremos o Costa a bramar com a lei das Finanças Locais? Talvez não. A cidade precisa muito de um(a) arquitecto(a) e tem essa oportunidade.
Saibam os Lisboetas dar o exemplo ao País de que a política não se esgota nos partidos.
Boa sorte Lisboa.

1 comentário:

jb disse...

Apenas um pequeno reparo ao artigo: na descrição dos candidatos mais conhecidos à Câmara Municipal de Lisboa figura o nome de Ricardo Sá Fernandes em vez de José Sá Fernandes.

Ainda sobre este candidato, tão hábil a denunciar os indícios de clientelismo, despesismo e corrupção na CML, será interessante deixar um apontamento relativo à composição do seu gabinete: nada menos que 11 pessoas (temos equipa!), auferindo salários mensais entre €1530 e €2500 (de acordo com o Correio da Manhã on-line). Lembre-se que José Sá Fernandes exerceu as funções de vereador sem pelouro.

Por sua vez, o executivo camarário tinha, segundo o jornal Expresso, 194 assessores.



Infelizmente, e ao contrário do que é sugerido no artigo, entendo que, neste momento, a política nacional ainda se esgota nos partidos. O número de candidatos independentes é grande mas a sua independência está, na maioria dos casos, relacionada com facções partidárias e jogos políticos que mancham indelevelmente a lufada de ar fresco que poderia advir desses projectos. Ou seja, no caso particular de Lisboa, temos as candidaturas oficiais dos partidos a correr em paralelo com as das facções desses mesmos partidos que se opõem às respectivas lideranças, sob o disfarce de candidatos independentes. A candura da independência fica ferida de morte pelo trabalho dos aparelhos das facções partidárias, muito hábeis no combate ao desemprego… dos seus fiéis colaboradores.

Boa sorte Lisboa: não vai ser fácil separar o trigo do joio.