domingo, maio 06, 2007

Carmona Rodrigues definiu-se ele próprio como um corpo estranho no meio dos políticos que o querem expelir a todo o custo do seu seio, vendo-se livre do inoportuno embaraço de um homem na condição de arguido.
Marques Mendes, sentindo-se desde sempre investido do direito de julgar os membros do seu partido, veda-lhes o direito constitucional da presunção de inocência até ao trânsito em julgado da sentença de condenação estabelecido no art.º 32. da CRP.
O pequeno Mendes é o Golias da justiça.
Apenas com uma diferença : pedrada após pedrada (Valentim, Isaltino, e agora Carmona) em vez de o fazerem cair aumentam-lhe a esperança de se aguentar em palco até ao dia seguinte às próximas eleições legislativas.
Aliás, Mendes é a imagem na perfeição da hipocrisia portuguesa que se apressa a afirmar que até ser condenado o arguido é inocente, mas mal ouve classificar alguém com aquela condição decide pela condenação repentina e incondicional.
Se, por acaso, a justiça vier a considerar o arguido inocente, confirmando que as provas não foram suficientes para confirmar os fortes indícios de culpa, então o português, rapidamente responde a isso que a justiça acaba sempre por libertar os poderosos.
O que me incomoda vivamente não são aqueles que efectivamente usam das habilidades da justiça para fugir constantemente às suas responsabilidades, São as pessoas que não tendo praticado qualquer tipo de crime, assumem temporariamente a condição de arguido e, por causa dela, se vêm entrar num pesadelo que começa com a flagelação, continua na crucificação e acaba na descredibilização social.
Longe vão os tempos em que o “independente” serviu que nem uma luva aos interesses da estratégia do “político”.
Agora há que assoá-lo, escarrá-lo e deitá-lo ao lixo, ainda que a sua culpa não seja alguma.
Exemplos destes aparecem-nos à frente todos os dias. Os “independentes” são óptimos para engrossar as magras, incultas e interesseiras hostes da política, e fáceis de descartar quando já não interessam ou podem causar mossa.
Inocentes, idiotas ou aspirantes ao poder oferecem-se à imolação só dando conta da fraca figura que normalmente fazem quando reconhecem que não lhes foi dado qualquer poder de decisão ou capacidade de intervir mas apenas serviram de escudo de protecção aos que, por de trás, mexem nos cordelinhos e os controlam como marionetes até ao dia em que chega a hora de lhes cortarem os fios.

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