terça-feira, outubro 05, 2004

A luz do farol


Um fim-de-semana alargado, com um tempo de verão, estava mesmo a pedir uma passeata para retemperar as forças e ganhar balanço nesta recta final de 2004.
Parece impossível, já estamos a caminho do Natal.
Como não sou fã do Algarve, fiquei-me pela capital, com a família.
Promessas são para cumprir.
Confesso que sou um alfacinha desnaturado, e que o meu coração há muito que se decidiu por estas bandas. Mas que a cidade está em efervescência, isso que ninguém duvide.
Mas como o leitor deve estar pouco importado com as minhas sensações, vamos ao que interessa.
Resolvi destacar dois pontos por onde passei e tentar reflectir sobre eles e a Murtosa.
Primeiro : o Museu Nacional de Arte Antiga, instalado no Palácio dos Condes de Alvor, na Rua das Janelas Verdes, no ano em que se comemora o seu 120.º aniversário.
Dê uma vista de olhos aqui para lhe aguçar o apetite. Normalmente temos a mania de achar que “a galinha da minha vizinha é melhor do que a minha”. Neste caso é um puro engano. Ai se este museu estivesse em Paris!...
A não perder.
Segundo : o Cabo Espichel, com o seu farol cujos antecessores remontam a 1790, na Lat=38° 25.0' N; Long=9° 12.9' We, e o Santuário de N.ª Senhora do Cabo, ou da Pedra Mua, construído em 1701, que integra a Ermida da Memória. Comece a visita por aqui .
Em matéria de museus, e olhando para as poucas pessoas que visitavam as preciosidades do MNAA, tenho poucas dúvidas que o projecto em gestação do Ecomuseu da Ria na Murtosa se poderá transformar num elefante branco. Esperamos que a equipa do Centro de Estudos de Sociomuseologia, coordenada pelo Prof. Mário Moutinho leve muitíssimo a sério o ponto : Avaliação de público/utilizadores potenciais dos serviços a prestar pelo Ecomuseu, antes que se lance a primeira pedra.
Em termos de paisagens naturais e aproveitamento lúdico-cultural, o Cabo Espichel é um exemplo crasso de como a beleza não é suficiente para que uma terra se destaque das outras.
O que é belo, torna-se árido se não tiver vivência. Basta passar por tantos locais na Murtosa e ficar com essa sensação. Se a estrada é má, ninguém lá vai. Se não há uma esplanada decente, os carros não param. Se não há uma iniciativa cultural, não se revisita. Se não há publicidade e novidades, perde-se o interesse.
Se não se começar por valorizar, primeiro que tudo, as vertentes cultural e do turismo, vai ser difícil sair da cepa torta.
É preciso um sinal da mudança para que se possa acreditar que a Murtosa da próxima década vai ser bem diferente desta.
Lancem-se ideias em barda. Algumas serão boas de certeza.

5 comentários:

Anónimo disse...

A única cruz que a murtosa terá de carregar se fôr eleito!
Cruz a Presidente! Cruz a Presidente!

João Cruz disse...

Há um ditado popular de reza assim : Diz o Sr. Carvalho que não troque caminho por atalho.
Já uma vez disse neste blog que cada um tem o direito de só querer aquilo que quiser e não aquilo que lhe querem dar, mesmo que o façam carregados de boas intenções.

Anónimo disse...

Certo! Mas não há dúvida que era das poucas hipóteses que a Murtosa tinha para sair do marasmo! Quem sabe um dia...

Anónimo disse...

Quero ver quando a malta do quadrante social democrata começar a editar Blogs em catadupa.
Também, coitados, devem ter todos um emprego tão absorvente que nem tem tempo de partilhar as suas ideias e emossões connosco.

João Cruz disse...

Caro leitor/comentador anónimo : não tenhamos a preocupação dos rótulos. Discutamos ideias, venham elas de onde vierem, desde que sejam boas, e que tornem a nossa vida, o mundo e as pessoas um pouco melhores.