A moeda europeia atingiu hoje nos mercados mundiais o valor mais alto de sempre face ao dólar americano, ao cotar USD$ 1,2986.
Isto quer dizer que, para quem tem no bolso 1.000 dólares e os quer trocar por euros, vai receber apenas 770 €. Recordo-me que há cerca de dois anos e meio, quando estive nos Estados Unidos, tinha de pagar 1.136 € para obter os mesmos USD$ 1.000.
Basta pensar nestas contas tão simples para constatar que os europeus têm hoje um poder de compra substancial na América, e que os americanos perderam grande parte do que tinham relativamente à Europa.
Mas será isto bom para nós?
A resposta é : NÃO! e esta paridade, com a próxima resistência nos $ 1,32 indica claramente a tendência de subida, o que está a causar uma tremenda preocupação na retoma da economia europeia.
Mas quais as principais razões para esta situação?
A política de Bush obrigou a um aumento muito forte das despesas públicas em segurança interna (combate ao terrorismo) e nas forças armadas (guerra do Iraque), e favoreceu a redução de impostos, sobretudo às grandes empresas. Isto fez com o déficit orçamental crescesse, já que as despesas se tornaram muito maiores do que as receitas.
O Tesouro americano, incapaz de conter as despesas, aumentou a emissão de Títulos da Dívida Pública, a qual que tem sido comprada, em grande parte, pelos países asiáticos (Malásia, Singapura, Tailândia, Coreia do Sul).
Com uma economia débil, a moeda perde valor e as exportações tornam-se mais baratas, aumentando o déficit comercial. Como efeito imediato, as empresas exportadoras recebem menos dólares por aquilo que vendem e são obrigadas a reduzir os seus gastos. A forma habitual é despedir parte dos trabalhadores.
Mas ainda assim, impulsionados por um preço baixo do dólar, temporariamente os produtos americanos inundam os mercados.
Os países asiáticos, e a China, com custos de pessoal muitíssimo inferiores aos europeus, acompanham este movimento, e a Europa fica encurralada e não consegue escoar os seus produtos com o Euro nestes valores.
As exportações europeias, contraem-se por se tornarem mais caras. A cotação em bolsa das empresas europeias desce e a retoma não acontece.
Este cenário economicamente caótico não é ficção. É a realidade nua e crua da política americana liderada por Bush que os europeus têm de enfrentar nos próximos quatro anos.
Ao nível micro, na Murtosa, os efeitos desta política também são devastadores para as economias familiares dos muitos emigrantes que regressaram dos Estados Unidos, porque as suas reformas em dólares têm de ser convertidas em euros e dão, hoje, para comprar muito menos do que há poucos anos atrás.
1 comentário:
Para alem do problema relacionado com as pensoes dos emigrantes, eu creio que o impacto negativo deste estado de coisas na economia local se reflecte ainda mais na visita dos emigrantes e seus filhos a Murtosa. Por isso, ja se comeca a verificar um certo afastamento e comeca, assim, a procurar-se novas paragens para ferias. E isso, para uma economia que vive em grande parte desse factor, nao e muito bom...
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