domingo, dezembro 05, 2004

A melhor solução?

Já lá vão uns anos desde que o problema se levantou, ao que li na imprensa local por vontade do sacerdote em exercício na Paróquia da Torreira considerar que a sala na igreja até então utilizada como capela mortuária não dever continuar a cumprir essas funções.

Não me cabe julgar a objectividade das razões desse desígnio, nem tão pouco é uniforme nas quatro freguesias do Concelho a situação das capelas murtuárias.

Veja-se, por exemplo que na paróquia de Pardelhas os velórios são realizados nas instalações de que a Santa Casa da Misericórdia é proprietária; na paróquia da Murtosa, a capela mortuária está integrada numa ala da igreja; na paróquia do Monte e na do Bunheiro os velórios têm lugar em capelas individualizadas e consignadas àquela prática.

Sendo natural e legítima a aspiração de velar os mortos com dignidade, torna-se para isso necessário haver um local apropriado para o fazer, mas pode-se tornar questionável a alocação de verbas avultadas do erário público concelhio à obra entretanto anunciada.

O número de óbitos que ocorrem anualmente na Torreira consubstancia-se numas escassas dezenas de funerais, indo fazer com que aquela protuberante edificação venha a ter uma utilização extremamente diminuta e, por ter uma missão tão específica, não venha a albergar outras actividades que a pudessem potenciar, até por toda uma carga emocional que a própria morte encerra.

Às vezes fico com a sensação que o desejo de agradar individualmente se sobrepõe à satisfação das necessidades colectivas, e que a gestão de recursos tão escassos como os que a Murtosa dispõe se confunde, às vezes, com o desbaratar de meios em obras de regime.

Só não sei é quanto é quanto custará em euros a todos nós esta opção que foi agora tomada!

9 comentários:

Anónimo disse...

Quem é que fez o projecto daquilo?
Realmente os mortos merecem dignidade, coisa que não deverá colidir com a dignidade dos vivos, não?
Garamtam-me ao menos que não vão semear daquelas barraquinhas pelas outras 3 freguesias do concelho, ok?
Que entidade zelará pela utilização e manutenção do edifício? Será a Junta de Freguesia?
A decoração interior da mesma irá ser abrangente a outros credos religiosos sem exclusividade para a da igreja católica?

Anónimo disse...

Quem é que fez o projecto daquilo?
Realmente os mortos merecem dignidade, coisa que não deverá colidir com a dignidade dos vivos, não?
Garantam-me ao menos que não vão semear daquelas barraquinhas pelas outras 3 freguesias do concelho, ok?
Que entidade zelará pela utilização e manutenção do edifício? Será a Junta de Freguesia?
A decoração interior da mesma irá ser abrangente a outros credos religiosos sem exclusividade para a da igreja católica?

Anónimo disse...

Alguém queria saber o montante das obras da dita cuja Casa Mortuária da Torreira?? Cerca de 50 mil euros...

Anónimo disse...

Alguém queria saber o montante das obras da dita cuja Casa Mortuária da Torreira?? Cerca de 50 mil euros...

Anónimo disse...

E sobre as outras questões, ninguém sabe dizer nada?
Sobre o valor das obras fiquei mais aliviado, porque tinha ouvido falar em montantes maiores...

Anónimo disse...

50 mil contos, correcção

João Cruz disse...

Apesar de tudo, quase respirei de alivio quando o leitor anónimo apresentou a primeira estimativa da obra.
Infelizmente, veio depois a negar esse valor e a apresentar nova estimativa bem mais próxima da barbaridade que já tinha ouvido falar. Esperemos que alguém com responsabilidades informe os leitores deste blog do efectivo custo da edificaçãa.

Anónimo disse...

Numa terra como a Murtosa, onde a esmagadora maioria das pessoas associa um ritual religioso - o cristão - ao Velório, é natural que os espaços onde este se realiza sejam, na maior parte das Paróquias, afectos à Igreja.

No caso do Monte, é a Capela de Santa Luzia que tem essa serventia. Nas outras Paróquias - exceptuando o caso da Torreira - o espaço é da mesma natureza.

Parece-me natural que, pelo menos nas próximas décadas, as pessoas continuem a assumir o Funeral como um ritual do foro religioso.

A existência de uma "Casa Mortuária", no entanto, já pressupõe alguma Laicidade. Só assim se justifica o recurso ao Erário Público para custear a sua construção.

Justificar-se-ia a construção de uma "Casa Mortuária" Laica, chamemos-lhe assim, sem qualquer outra função para além da que lhe dá o nome, se existissem um número considerável de habitantes que rejeitassem a Componente Religiosa no Funeral. Ora, como é óbvio, tal não acontece.

Assim sendo, dispender 50 mil contos numa Edifício, cuja única função é a realização de Velórios, também me parece um desperdício de fundos.

Ficaria bem mais barata a construção - porque não - de um anexo à Igreja Actual, uma pequena Capela ligada ao Corpo da Igreja, que servisse de capela mortuária.

Januário Cunha

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.