terça-feira, dezembro 28, 2004

Uns à frente. Outros atrás.

A propósito do apontamento no blog Santa Terrinha sobre a notícia saída ontem no jornal “O PúblicoCâmara da Feira Vai Pôr Processos de Obras na Internet, trago de novo ao debate a questão da transparência dos serviços públicos que os políticos em geral propagandeiam mas que muito poucos fazem algo para a pôr na prática.
Há cerca de doze anos tive oportunidade de ver colocado, na Câmara de Matosinhos, um posto informático no átrio de entrada principal do edifício onde o munícipe, munido do respectivo número camarário do processo de obra, podia saber em que pé este se encontrava (gabinete técnico para apreciação, fiscalização, vereador do pelouro, a aguardar despacho, etc).
Da conversa que tive na altura com as pessoas que implementaram este procedimento, pude verificar que o mesmo encontrou forte oposição interna na divisão de obras, uma vez que passava a poder controlar os processos “tipo pepe rápido” e os processos “tipo alentejano”, quantos processos eram despachados pelos serviços ao “dia, semana, mês, ano, etc”, se havia os chamados “vetos de gaveta”, enfim, tudo aquilo que toda a gente sabe que existe mas que só se comenta “à porta fechada”.
Para quem trabalha em empresas modernas, sabe que a avaliação constante da quantidade e qualidade do trabalho produzido por cada pessoa é uma realidade incontornável que os chefes, os directores ou os patrões querem saber a toda hora, já que fim do mês os salários não caem do céu (leia-se dos impostos dos portugueses).
É isso, do meu ponto de vista, que faz muita falta ser implementado nos serviços públicos : processos de aferição e de avaliação dos tempos de execução e qualidade das tarefas. Só assim se saberá alguma vez se há funcionários a mais ou a menos, trabalho excessivo ou de relax, e procedimentos transparentes ou obscuros.
Com as possibilidades informáticas que hoje existem, com financiamentos tipo aveirodigital e outros afins, sabemos que nem todos podem andar à mesma velocidade como a Câmara da Feira, mas satisfazermo-nos ou não nos questionarmos ao menos com a possibilidade de mudança, é assumir a submissão àquilo a que vulgarmente se chama “as forças de bloqueio”.
E se isto ferir susceptibilidades, dará que pensar.

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