domingo, janeiro 09, 2005

Uma certa democracia

A análise que António Barreto fez hoje no jornal “O Público” acerca das listas partidárias e do acto eleitoral propriamente dito, devia dar que pensar aos portugueses que, infelizes e desmotivados, renunciaram há muito à discussão e ao debate pelos principais valores da democracia.
Na realidade, quem escolhe a larga maioria dos deputados da nação não é o povo, mas sim os presidentes dos partidos, as comissões políticas nacionais e distritais, e os congressos partidários.
Ou seja : cerca de cinco mil portugueses (aqueles que referi das estruturas partidárias) escolhem cerca de 190 deputados que, salvo um cataclismo inesperado, terão o seu lugar garantido (ainda que depois o mandem às urtigas por opção própria e interesse pessoal!), ficando reservado aos mais de sete milhões de eleitores do povo os restantes 40 que fazem parte do chamado “eleitorado flutuante” e, que ainda por cima, são os mais desconhecidos, ineficazes, mudos e quedos.
Chamamos a isto democracia?!
Nem eu, nem a grande maioria dos leitores deste escrito, se pronunciou sobre as pessoas que em Aveiro se deviam apresentar a votos em 20 de Fevereiro!
Alguém, que nenhum de nós mandatou, decidiu que nos primeiros lugares da lista do partido onde cada um de nós vai votar, vão os senhores que irão ser eleitos, e nós, quer queiramos quer não, teremos de votar neles ou então, votar branco, nulo, ou nem sequer lá meter os pés.
Mas não deveríamos ser nós, os que vamos votar, que devíamos escolher os nossos eleitos?
Quem é que nos vai apanhar num comício seja lá de que partido for, se não fomos nós que escolhemos os candidatos?!
Isto tudo para dizer que os círculos uninominais, antecedidos de primárias por cada círculo eleitoral, são a única solução para aproximar o povo dos eleitos, mas são também o caminho mais rápido para acabar com aquela meia dúzia de pessoas que, a coberto dum cartão partidário, e independentemente de qualquer capacidade excepcional, se sentem com mais direito do que nós a fazer a escolha daqueles que, depois, nós poderemos eleger.
E querem-me então fazer crer que a democracia é o sistema político em que a autoridade emana dos cidadãos? Só se for de alguns…

2 comentários:

Anónimo disse...

Que raio de democracia e esta que nos impoe pessoas com quem nao nos identificamos e que nos vao representar ? De todos os candidatos que estao incluidos nos varios partidos, quantos sao do districto de Aveiro ? Quantos estao a par dos problemas das pessoas que residem no districto de Aveiro ? Sera que ha a necessidade de eleger tanta gente ? Quantas vezes os veremos no districto de Aveiro a inteirarem-se dos problemas da nossa Ria ? E depois ainda se admiram do indice de abstencao ser alto!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

Que mania. Já ontem vi um(a) a escrever victimas agora é este(a)com districto. Distrito, faz favor!