sexta-feira, setembro 30, 2005

Tema - Estratégia de industrialização

A capacidade de atracção de investidores por parte duma Zona Industrial de qualquer Concelho mede-se por parâmetros aos quais nenhum empresário é alheio.
Ninguém desconhece que o empresário português (quiçá o estrangeiro) começa por procurar zonas onde, em primeiro lugar os terrenos sejam a baixo custo e possuam dimensão adequada às suas pretensões, e em segundo lugar, sejam dadas contrapartidas significativas, como por exemplo a isenção de IMI e derramas por vários anos, etc.
A seguir são tidas em conta as infra-estruturas básicas já construídas e projectadas, a rapidez das acessibilidades, os incentivos à fixação de postos de trabalho, e a localização da zona para efeitos de pontuação dos financiamentos em termos de programas comunitários.
Por último vem a qualificação e o potencial disponível da força de trabalho.
À autarquia cabe o papel de agente catalisador.
A autarquia pode organizar um “road-show” apresentando ao empresariado as vantagens de investir na Murtosa, ou optar por contactos cirúrgicos em áreas ou sectores que mais interessem ao Concelho, ou ficar à espera que o telefone toque e apareça alguém à procura dum terreno para se fixar.
Atrair e convencer empresários do apoio que está disposta a dar a um projecto através de propostas concretas, é uma tarefa que a Câmara deve fazer se quiser que o Concelho cresça, se torne atractivo e se fixem postos de trabalho.
Neste cenário, e tendo em conta os antecedentes, é facilmente compreensível que a ZI –Murtosa não se tenha revelado apetecível aos empresários estranhos à terra e apenas, salvo honrosas excepções, tenha servido essencialmente para concentrar indústrias e pequenas empresas dispersas pelo território concelhio.
Nos últimos anos, os postos de trabalho na Murtosa não cresceram; ao contrário diminuíram por redução de algumas actividades e por força da deslocalização industrial que ocorreu nos Concelhos limítrofes.
Sem trunfos para apresentar no plano industrial, e com necessidade de serem criados pelo menos entre trezentos e quinhentos postos de trabalho a curto prazo para travar a fuga da juventude para outras paragens, a Murtosa e o poder autárquico que sair destas eleições está perante um desafio decisivo.
Apesar de achar que o futuro passa definitivamente pelo turismo, julgo que a indústria deve ser acarinhada, e que os ramos com maior potencial são os da área alimentar e agro-industrial.
Não temos produção de matéria-prima local que sirva de chamariz, mas há alguma vocação inapta para estes sectores pelo que talvez possa ser por aí que valha a pena tentar trazer empresários para a terra marinhoa.
Para que isto seja possível é necessário montar uma verdadeira operação de charme principalmente junto das Associações nacionais representativas do Comércio e da Indústria destes ramos, já que não vejo qualquer interferência positiva por parte da Associação Comercial local, e nem sequer existe uma associação industrial para servir de interlocutor.
Pensar que o governo pode dar uma ajuda é como pedir a um pobre que nos dê uma esmola.
Cabe aqui não esquecer que é preciso travar uma luta incessante para a construção duma acessibilidade mais rápida às vias estruturantes. Mas espero muito sinceramente que essas vias primordiais sirvam mais para entrar nova gente do que para continuarem a sair aos magotes.

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