segunda-feira, outubro 31, 2005

Autoridade e competência

No espaço de um mês ouvi dois oradores convidados em outros tantos eventos referirem-se da mesma forma à missão do professor na formação da criança, do adolescente e do jovem.
Aos dois havia uma coisa em comum : o gosto e o prazer de ser professor.
Um estava já reformado há alguns anos e foram os seus discípulos, entre os quais me encontrava, que insistiram, nas comemorações do 25.º aniversário de início do curso, para que o mestre lhes desse de novo uma aula, facto só por si demonstrativo da amizade e do respeito que meia centena de homens, já acima dos quarenta anos, nutriam por aquele velho professor.
O outro, na casa dos sessenta, era a primeira vez que o ouvia. Ensinava matemática e via-se que conhecia os miúdos de ginjeira.
Diziam então eles que quando eram crianças, sabiam que os seus professores eram investidos pelos pais de total autoridade sobre o aluno, ficando incumbidos de lhes transmitir o conhecimento e de usar os métodos que achassem por bem para o fazer. Se necessário fosse, sempre que a falta de respeito ou de interesse o justificasse, estava também o professor autorizado pelos pais a assentar no aluno uma valente bofetada a fim de lhe refrear os ânimos e a indisciplina.
Lamentavam-se que hoje em dia, os pais e o Estado retiraram ao professor toda a autoridade necessária ao exercício da função e que essa é a principal razão do insucesso escolar que se verifica m Portugal.
Compreendo os argumentos gizados por aqueles professores e reconheço que a falta de autoridade que lhes tem sido negada ao longo das últimas décadas tem sido perniciosa para o sucesso escolar dos miúdos.
Mas também julgo que é elevada a percentagem de professores que não foram talhados para o ser, e que atribuem à sua profissão uma dedicação muito pobre para aquilo que seria necessário.
Mais uma vez parece que é necessário agilizar mais a contratação e a dispensa de professores dando competências próprias aos conselhos executivos de modo a purgar aquele importantíssimo grupo profissional das pessoas que não tem competência para ensinar e cativar o interesse dos alunos.

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