sábado, outubro 29, 2005

LXXIX

A Murtosa comemorou hoje o 79.º aniversário da sua elevação a Concelho.
Emancipação e independência por força da vontade dos “Precursores de 1899” que persistiram na sua luta até 1926.
Ano após ano são recordados nestas cerimónias. Quase sempre de forma incógnita, talvez pelo facto de serem cada vez menos os vivos que os conheceram.
Na toponímia murtoseira não lhes foi concedida uma artéria maior do que a que vai desde a Praça de Pardelhas até à rua Ruy do Vouga. Fraca lembrança para palavras tão elogiosas que têm gerado.
Como é normal entre os portugueses, povo com história multi-secular, socorremo-nos do passado para exortar os presentes a assumirem o carisma empreendedor dos seus antecessores. É isso que os discursos da praxe tentam fazer chamando até nós os “Precursores de 1899”.
É também isso que nos trás à evidência que cada vez mais deixámos de ser um “povo de rija têmpera”, para nos transformarmos em seres apáticos e sem determinação.
Certamente com boas intenções, juntaram-se hoje numa única data o aludido aniversário e a tomada de posse dos autarcas eleitos em 9 de Outubro.
Sala pouco concorrida para uma tarde de sábado talvez confirmando o distanciamento crónico entre as pessoas e as autarquias que só é interrompido verdadeiramente durante as campanhas.
Todos se comprometeram a cumprir com lealdade o cargo para que foram designados. É da praxe; não se esperava outra coisa. É preciso que os eleitos digam alguma coisa para receberem as palmas de circunstância.
Lealdade é não faltar ao prometido, sinceridade, franqueza, honestidade, fidelidade, dedicação, conformidade com a lei. Algumas vezes faltar-lhes-á a lealdade uns com os outros. É próprio do ser humano.
Por fim, penso que foi concedido aos representantes dos principais partidos um tempo para assinalarem a efeméride comemorativa da emancipação.
“Penso” que a intenção era essa, mas não foi isso que aconteceu com o orador do PS, Augusto Leite. Esqueceu-se que estava ali em nome do Concelho e mostrou uma crispação pessoal com Santos Sousa absolutamente desajustada ao local e à data.
Era na Assembleia Municipal, e não naquele acto, que se espera breve e solene, que os assuntos que trouxe consigo deviam ter sido apresentados.
Talvez uma forma de incentivar o que se ouvia aqui e ali relativamente àquilo que serão os diálogos das próximas assembleias municipais.
A terminar, e depois de umas breves palavras saudosistas proferidas pelo convidado ex-presidente da Câmara Celso Santos, mostraram os seus dotes o Coro de Santa Maria da Murtosa e o Grupo Musical Bunheirense.
Votos de bom trabalho a todos os empossados e que cumpram o seu cargo com verdadeira lealdade para com a Murtosa, é o que certamente todos desejamos.

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