segunda-feira, abril 30, 2007

Culturalmente...fica para depois!

Aproveitando a junção de um fim-de-semana, dois dias de férias e um feriado, voltei à vizinha Espanha, em passeio mais cultural do que outra coisa.
Os museus da capital espanhola têm reputação mundial e não os visitar é não conhecer uma parte significativa da pintura, sobretudo, europeia e contemporânea.
E digo “museus” porque aos espanhóis não chegou nem um, nem dois : foram logo três daqueles que não se podem perder de vista:
Museu Nacional del Prado; Museu Thyssen-Bornemisza; e Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia.
Enquanto em Portugal o governo discutiu mesquinhamente este ano (e quase desperdiçou) o alojamento da colecção privada de Joe Berardo, já em 1993 o governo espanhol comprou a colecção do conde Thyssen-Bornemisza.
Tudo isto me faz pensar que em Portugal, ao contrário do que aconteceu nos grandes países desenvolvidos da Europa, nunca houve interesse em investir num museu de renome mundial com um espólio valioso e reconhecido internacionalmente, ficando-nos sempre, em termos museológicos, por uma manta de retalhos de pequenos espaços, quase todos eles temáticos, e sem dimensão nem colecções que façam um número significativo de turistas ter interesse por se deslocar ao nosso país.
É certo que Portugal nunca teve um Pablo Picasso, um Salvador Dali, um Juan Miró, um Francisco Goya, ou um Diego Velásquez, entre outros. Mas será que a fama destes artistas vem apenas da sua arte ou também pesou a importância que a Espanha tem no mundo e a repercussão mundial que lhes soube dar?
Pensar pequenino, com o princípio sempre arreigado de que “o que é nacional é que é bom”, enlevados sobretudo pelo que é tradicional, e sem nunca termos tido um único governante com vistas largas em termos culturais pronto a mostrar novos caminhos, somos cada vez mais um País pobre e desinteressante.
Nem os “Descobrimentos”, que no fundo foram a nossa época áurea, foram motivo para que alguma vez se criasse um grande espaço marcante de uma época (a única) em que demos “cartas”, mostrando ao mundo do que fomos capazes e o muito que se deve á audácia dos nossos antepassados que, diga-se em abono da verdade, devem estar bastante envergonhados do Portugal e dos portugueses de hoje.
Veja-se a começar pelos governos, e a continuar pelas câmaras municipais, qual é a importância que se tem dado à cultura em Portugal desde a instauração da República?
Talvez um dia, quem sabe, outro Calouste Gulbenkian se apaixone por Portugal e, mesmo com muita dificuldade, consiga colocar Portugal na rota da cultura mundial.

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